Compra é a maior desde a aquisição da Versum Materials, em 2019
A farmacêutica alemã Merck anunciou nesta segunda-feira (28) a aquisição da empresa americana de biotecnologia SpringWorks Therapeutics por US$ 3,9 bilhões. O negócio, que representa um prêmio de 26% sobre o valor de mercado da SpringWorks, prevê o pagamento de US$ 47 por ação em dinheiro.
Com a compra, a Merck busca reforçar sua divisão de saúde, especialmente no segmento de oncologia voltada para tumores raros. Segundo comunicado da empresa, o portfólio da SpringWorks deve começar a impulsionar os lucros a partir de 2027, graças a dois tratamentos já aprovados nos Estados Unidos.
“A aquisição deve acelerar o crescimento das vendas da divisão de saúde da Merck, que tem sido um ponto-chave de preocupação”, afirmaram analistas do Morgan Stanley, liderados por Thibault Boutherin, em nota a clientes. A expectativa é que a SpringWorks contribua com até 1,5 bilhão de euros (cerca de US$ 1,6 bilhão) em vendas anuais adicionais até 2030, de acordo com estimativas de Michael Shah, da Bloomberg Intelligence.
A movimentação ocorre em um momento delicado para a divisão farmacêutica da Merck, que enfrenta a perda de patentes importantes, como a do Mavenclad — seu medicamento líder para esclerose múltipla —, e desafios após falhas em testes de novos tratamentos. A empresa ainda opera nos segmentos de ciências biológicas e eletrônicos.
Esta é a maior aquisição da Merck desde a compra da Versum Materials, há seis anos, quando buscava expandir sua atuação na área de eletrônicos. O financiamento do novo negócio será feito com recursos em caixa e emissão de novas dívidas.
A CEO da Merck, Belen Garijo, afirmou que a empresa segue atenta a novas oportunidades de fusões e aquisições. A companhia acumulou bilhões de euros durante a pandemia, quando foi fornecedora de componentes para vacinas, terapias e testes contra a covid-19.
A SpringWorks possui atualmente dois medicamentos aprovados no mercado norte-americano: o Ogsiveo, voltado para tumores raros e agressivos, e o Gomekli, indicado para tumores associados à neurofibromatose tipo 1, uma doença genética. A empresa espera aprovação regulatória para ambos os tratamentos na União Europeia ainda este ano, com um parecer para o Ogsiveo previsto para o segundo trimestre.