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Menos clube, mais empresa, mais torcida

Investidores se interessam cada vez mais pelas possibilidades das SAF, que podem mudar o jogo

Se há pouco a existência de clubes de futebol organizados financeiramente e com gestões sustentáveis era exceção, hoje virou necessidade. Com isso, abriu-se um leque de oportunidades de investimento para grandes empresas, bancos de investimento e grupos árabes engordados por dinheiro do petróleo. A Europa puxou a fila e agora, no Brasil, a tendência é de crescimento e competitividade com o advento das regras para as sociedades anônimas do futebol (SAF), o que permite aos clubes terem investidores “donos”.

O futebol inglês concentra há quase duas décadas os grandes cases de sucesso do futebol mundial neste modelo. Boa parte dos resultados das agremiações se devem aos investimentos que permitiram contratar bons jogadores e alguns gênios ou quase que trouxeram títulos e jogos emocionantes – atrás deles vieram direitos de imagem, prêmios por participações, grandes patrocinadores, vendas antecipadas de ingressos, produtos de marketing, renda publicitária, ações em bolsa e generosos retornos aos seus donos, que só parecem mecenas quando chegam.

Em outubro do ano passado, o Newcastle foi comprado por um grupo da Arábia Saudita por aproximadamente £ 300 milhões. Os magpies são tão tradicionais quanto irregulares no cenário britânico e pouco fizeram nos campeonatos internacionais – Taça Intertoto da Uefa em 2006. O novo dono, o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman possui uma fortuna estimada em mais de € 370 bilhões, é o governante de facto de seu país e conta com uma acusação internacional de assassinato. No topo dessa lista ainda há o Manchester City, do Grupo Abu Dhabi, cujo proprietário, o sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, possui uma fortuna pessoal estimada em € 34 bilhões. Meio-irmão do presidente dos Emirados Árabes e genro do primeiro-ministro e governante, ali dinheiro também não é problema. Já o dono do Chelsea, Roman Abramovich, tinha um patrimônio avaliado em € 12,9 bilhões, mas vive um limbo de sanções e boicotes por sua ligação com Vladimir Putin. Há também o Arsenal, do americano Stan Kroenke, que com sua KSE possui, estádios, canais de TV, times de futebol americano, hóquei, basquete e e-sports. Ele tem uma fortuna de US$ 10 bilhões. Já o Liverpool é da americana Fenway Sports, que tem como acionista a estrela de basquete LeBrown James, enquanto Manchester United tem um CEO e ações na bolsa de Nova York.

É um erro achar que, no Brasil, a nova modalidade de gestão dos clubes seja um mal. Times como Sport, Vasco, Cruzeiro mudaram seus estatutos e viraram clube empresa como alternativa para deixarem de ser coadjuvantes. Dezenas de outros estão caminhando para isso.

Jogo bonito

A SAF também não é garantia de um novo mundo. Por trás de algum investidor pode existir um histórico duvidoso. Há casos de compradores que faliram e prejudicaram drasticamente as finanças dos clubes, como o Parma da Itália, o espanhol Málaga e o francês Olympique de Marseille, que estacionou na Ligue 1 depois que seu ex-controlador, o empresário Jack Kashkar, se envolveu em escândalos financeiros e acabou condenado a 30 anos. Mais pueril foi o caso do Monaco, que se viu no meio do divórcio de seu proprietário, o russo Dmitry Rybolovlev – que escapou da sanções europeias por apoiar a Ucrânia. Mais tranquila é a vida do Paris Saint-Germain, alimentado pela dinheirama da Qatar Sports Investments (QSi), subsidiária do fundo soberano Autoridade de Investimento do Catar (QIA), que possue ativos de US$ 300 bilhões.

Não há termo direto de compração, mas há exemplos de boa gestão com parcerias institucionais, vide Flamengo, Palmeiras, e Atlético Mineiro. De acordo com a consultoria Sports Value, juntos, esse times valem hoje R$ 2,7 bilhões, R$ 2,3 bilhões e R$ 1,9 bilhão, respectivamente. Somados, dá US$ 1,37 bilhão.

Se por um lado a SAF cria a possibilidade de tirar clubes do buraco e dá mais transparência aos negócios no futebol brasileiro, por outro incomoda os tradicionais, que ainda têm a cultura de sucessão de dívidas e velhas práticas que não acabam em penalização aos responsáveis. Se a tendência prosperar e for levada com competência, a promessa de times travando jogos emocionantes pode ser cumprida com esmero. Títulos para as torcidas e retornos aos investidores serão consequência.

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