A startup brasileira também quer passar a oferecer o serviço de compra fracionada de aeronaves, um modelo que já domina o mercado americano
A brasileira Flapper, que conecta passageiros a aeronaves privadas sob demanda, quer acelerar seu crescimento. Após atingir o breakeven em 2024, a startup abriu uma rodada de captação de R$ 6 milhões na EqSeed, plataforma de investimentos em startups. O dinheiro será usado para expandir operações no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio e investir em um novo modelo de propriedade compartilhada de jatos.
Criada em 2016, a Flapper funciona como um “Uber dos aviões”, conectando clientes a uma frota de mais de 2.600 aeronaves certificadas para fretamento. A empresa permite que passageiros reservem voos privados via aplicativo, oferecendo tanto fretamentos exclusivos quanto assentos em rotas compartilhadas.
Agora, quer ampliar sua oferta com um serviço de compra fracionada de aeronaves, um modelo que já domina o mercado nos EUA.
A Flapper fechou 2024 com faturamento de 49 milhões de reais, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, e atingiu EBITDA positivo. O ticket médio dos voos fretados superou R$ 70.000, e 64% dos clientes foram recorrentes. O crescimento veio, em grande parte, do público corporativo, que já representa mais da metade da receita da empresa.
Para expandir, a startup também conta com parcerias estratégicas no setor financeiro. O Banco Safra oferece serviços de gestão de aeronaves para clientes com patrimônio acima de US$ 5 milhões, enquanto o Itaú dá descontos em voos para clientes Visa Infinite.Por que jato executivo virou ‘queriinho’ dos brasileiros e levou empresa a investir US$ 26 milhões.
Por que a aviação privada importa agora?
O setor de aviação executiva movimenta mais de US$ 20 bilhões no mundo, com EUA, Brasil e México entre os principais mercados. No Brasil, o segmento vale cerca de R$ 9,8 bilhões, mas opera de forma fragmentada e pouco digitalizada. Há 3.111 aeródromos privados no país, mas apenas 180 são atendidos pela aviação comercial, criando uma grande demanda reprimida para o transporte aéreo privado.
Nos EUA, onde o mercado está mais avançado, a propriedade compartilhada já ultrapassou o táxi aéreo em número de operações, somando meio milhão de voos em 2024.
No Brasil, esse modelo ainda engatinha, com apenas 39 aeronaves certificadas para compartilhamento. A Flapper quer mudar esse cenário e se tornar a NetJets brasileira, empresa que faz parte da Berkshire Hathaway e domina o setor de aviação privada nos Estados Unidos. Outras fortes concorrentes são a Air Charter Service e a Air Partner, além de plataformas digitais como PrivateFly.
Para onde vai o dinheiro da rodada?
Apesar do potencial do mercado, crescer na aviação executiva não é simples. O setor é altamente regulamentado, com custos operacionais elevados e resistência de clientes acostumados a negociações offline.
Com os R$ 6 milhões captados na EqSeed, a Flapper pretende investir em três frentes:
- Expansão internacional para fortalecer presença na Europa, EUA e Oriente Médio;
- Propriedade compartilhada, oferecendo gestão de aeronaves e frações de jatos para clientes de alto padrão;
- Flapper 3.0, nova versão do sistema, com melhorias na cotação e reserva de voos.
Além disso, a empresa investe em soluções sustentáveis, como combustível de aviação renovável (SAF) e aeronaves elétricas, embora essas iniciativas ainda estejam em fase inicial.
Por Laura Pancini
Publicação original: https://bit.ly/3Q7iMFf
Uma resposta
Pq uma empresa que, supostamente, fatura 49 milhões precisa arrecadar 6 milhões? Teóricamente deveria ter caixa ou, no mínimo, um fluxo previsto suficiente para financiar uma ampliação com um investimento que representa uma fração do faturamento.
De outro ponto de vista, poderia dizer que parece um valor arrecadado muito baixo por uma empresa que tem um faturamento tão robusto. Porque trocar ações por um valor tão irrisório?
Desculpe o ceticismo, mas me parace que esse “faturamento” se refere ao total comercializado em fretamento, ou seja, o valor total vendido. Desta forma, entendo que uma porcentagem importante deste faturamento não é da Flapper e sim das empresas de táxi aéreo privado. Chutaria que o faturamento real da empresa deve ser algo em torno de 10% disso. Nesse cenário, todo o contexto passa a fazer sentido.
Nada contra a Flapper, apenas contra a forma como, no turismo, as empresas gostam de inflar os números. Agências, brokers de privado, etc: se você vende um produto de 100 mil e sua comissão é 10% disso, você não faturou 100 mil, você faturou 10 mil.
Gosto da Flapper, espero que continuem cresendo!