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Exame: sua carreira pode estar no metaverso – e sua empresa também

Da entrevista de emprego ao seu futuro escritório, entenda como o metaverso poderá transformar o mercado de trabalho

É indescritível a sensação de mergulhar dentro do metaverso. É assim que o avatar do diretor de tecnologia da Cia de Estágios, Hugo Rebelo, começa a explicar a experiência que a empresa propiciou para os estudantes selecionados para o estágio da Scania.

A empresa foi escolhida para um processo teste de processo seletivo do futuro, usando o Oculus, da Meta, e seu software de realidade virtual para conectar recrutadores e estudantes

Para entender esse “indescritível”, a reportagem da Exame também entrou no metaverso. Ou, pelo menos, na primeira versão do mundo 3D que pode conter, no futuro, processos de seleção, treinamentos, eventos, escritórios e até carreiras dedicadas.

“Hoje, quando falamos do metaverso, se entende ainda como um ambiente virtual. Ainda não estamos no metaverso, pois é uma plataforma em desenvolvimento”, diz Juliana França, gerente sênior do PageGroup.

Zuckerberg

O temos surgiu pela primeira vez no livro Snow Crash, de Neal Stephenson, em 1992. Fora da ficção, a primeira tentativa de se criar o metaverso foi por meio da rede social Second Life, lançada em 2003. Com sua popularidade, muitas previsões diziam que todas as empresas, interações e até o trabalho ia acontecer na plataforma no futuro.

“Aquilo era um protótipo, lembro que empresas investiram nisso. Mas tinham várias limitações, a conexão das redes era lenta, os dispositivos também, nem tinha Smartphone. Era complicado, você tinha a imersão pelo computador e não era convincente”, afirma Rebelo.

Diferente de uma reunião online, a experiência de conversar com avatares com os estímulos visuais e sonoros como se os participantes estivessem presentes – mas a maleabilidade de mudar a ambientação da sala de reuniões com apenas um clique – é realmente difícil de pôr em palavras.

Por isso, logo que foi anunciado por Mark Zuckerberg, no final de 2021, a mudança do Facebook para Meta, com o foco na criação do metaverso, a liderança da Cia de Estágios começou a explorar suas opções para trazer o mundo do recrutamento para o próximo passo da internet.

Ao ver uma imagem ou vídeo do metaverso, não parece muito diferente de uma animação do cinema ou um videogame. Mas, quando você está lá, é como se você entrasse dentro de um filme em 3D, com uma percepção sonora e em tempo real do mundo virtual a sua volta.

Seleção

Ao explicar sobre a nova ferramenta, o presidente da Cia de Estágios, Tiago Mavichian, apertava um botão e todo o ambiente mudava: a mesa, o tamanho da sala, a localização dos participantes e até a paisagem lá fora.

“A premissa que partimos é que os processos seletivos vão continuar online, mas a nossa pergunta era como garantir a melhor experiência possível para os candidatos. De forma inovadora, indo além das salas de zoom para um trabalho interativo”, diz o CEO.

Diversos profissionais já devem ter experimentado ao longo da pandemia os processos seletivos completamente online. No futuro, o metaverso uniria o que existe de mais conveniente do online com a parte positiva de uma interação presencial.

É possível colaborar e ter interações síncronas, ao mesmo você tem a visão em primeira pessoa de vídeos e apresentações, pode sair do escritório virtual instantaneamente e se encontrar dentro da fábrica ou loja da empresa e tem a sensação de estar no mesmo local junto a pessoas que nem estão no mesmo país.

Assim como na empresa de realidade aumentada, Flex Interativa, que viu um aumento de 750% na procura pelas soluções da marca desde novembro de 2021, Tiago Mavichian, CEO da Cia de Estágios, conta que existem empresas fazendo fila para integrar etapas com o Oculus ao processo de seleção de estágio e trainee.

Entrevista no metaverso: na imagem, a repórter com o diretor Hugo Rebelo (Cia de Estágios/Reprodução)

Seu escritório no metaverso

Está difícil escolher entre o escritório e o trabalho de qualquer lugar? A empresa americana Virbela, parte do grupo eXp World Holdings, defende desde sua criação, em 2012, que é possível estar no escritório de qualquer lugar. A imagem de capa da matéria mostra o campus deles, onde a Exame fez um tour.

Gates

Durante o tour, também com avatares criados para interagir no mudo 3D (mas), foi possível que a reportagem, de São Paulo, se sentasse numa mesa com o CEO, que está nos Estados Unidos, e com Patrícia Marins, sócia-diretora da Oficina, a empresa que representará oficialmente a plataforma no Brasil, que fica em Brasília.

Mesmo da tela do computador, pois dessa vez não havia a ferramenta de imersão do Oculus, a experiência foi diferente de uma conversa por vídeo. O ambiente lembra um jogo que pede sua atenção plena ao que está acontecendo na tela da realidade virtual.

Para Bill Gates, cofundador da Microsoft, todas reuniões de negócios terão migrado para o metaverso em três anos. É com isso que o presidente e cofundador da Virbela, Alex Howland, está contando.

“Entre a pandemia e o anúncio do Meta, nós certamente vimos uma explosão de interesse por grandes e pequenas empresas”, diz.

O cofundador, que tem formação na área da psicologia organizacional, fala que o ambiente virtual ajuda no engajamento e experiência dos funcionários. Ele aponta a própria eXp Realty, empresa imobiliária do grupo ao qual pertence a Virbela , como um caso de sucesso.

A eXp Realty, que entrou na Virbela em 2016 e tinha quase mil agentes, opera totalmente no metaverso desde então. Hoje, eles têm quase 74 mil e expandiram o negócio para 18 novos países na pandemia.

“Há anos eles entram na lista de melhores empresas do Glassdoor. E ouvimos feedbacks dos funcionários benefícios como o sentimento de estar junto dos colegas, como uma comunidade, sem perder o lado bom de trabalhar remotamente”, afirma.

Carreiras do futuro

Com vertentes de recrutamento profissional que vão do estagiário ao CEO e presente em mais de 30 países, a consultoria PageGroup já sentiu os efeitos da procura por profissionais que estejam por dentro da novidade do metaverso.

Segundo a gerente do grupo, esse termômetro direto de conversas com executivos e uma longa história no ramo de recrutamento ajudam a entender como as novas oportunidades de carreira podem se desdobrar.

“Da leitura que temos do passado, sabemos que existem cargos que vão surgir para a implementação do metaverso, que vão sumir depois e migrar para novos processos e ferramentas depois”, diz.

No dia a dia, ela já viu um aumento na busca por profissionais que tenham alguma curiosidade para explorar oportunidades de negócio no universo virtual em áreas de inovação em bancos (especialmente olhando para criptomoedas), de eventos, de marketing e dentro do varejo.

“A questão do omnichannel ganha um novo significado com a possibilidade de ter presença no metaverso também. Também existe um leque de oportunidades se abrindo para profissionais que estão olhando para novas tecnologias, especialmente na inovação do hardware, software e design de ferramentas para o metaverso”, explica.

Na Meta, apenas a marca do Oculus tem mais de 700 posições listadas, em áreas como pesquisa, engenharia, design 3D, hardware, marketing, inteligência artificial e operações.

Fazendo esse exercício para pensar nas possibilidades de exploração da realidade virtual pelas empresas, os consultores da PageGroup destacaram alguns cargos que podem despontar nos próximos anos.

Confira as possíveis carreiras do futuro no metaverso:
Finanças 

Gestor de investimentos  

  • Terá o papel de apoiar as pessoas a fazerem os melhores investimentos no mundo de cripto-ativos para potencializar seus rendimentos dentro e, possivelmente, fora do ambiente do metaverso. 
  • Habilidades necessárias: inglês avançado, conhecimento sobre mercado de criptoativos, boa comunicação e capacidade analítica. 

Gestor de patrimônio & imobiliário digital 

  • Profissional que fará gestão dos terrenos, construções e propriedades dentro do metaverso. Além disso, também trabalhará avaliando e prospectando melhores investimentos em imóvel digital para seus clientes.
  • Habilidades necessárias: inglês avançado, conhecimento sobre NFTs e acompanhamento de mercado imobiliário fora e dentro desse universo, bom relacionamento. 

Especialista em estruturação de linhas de crédito 

  • Profissionais que irão estruturar linhas de crédito em criptomoedas para compra de NFTs dentro do metaverso. 
  • Habilidades necessárias: inglês avançado, grande capacidade analítica, estatística e habilidade com números. 

Analista de taxas de transação virtual 

  • Conforme as transações passem a aumentar no ambiente do metaverso, os mineradores de dados precisarão de um apoio para analisar e criar melhores taxas dentro do blockchain para registro das operações em diferentes criptomoedas e esse profissional, possivelmente estatístico, terá essa responsabilidade. 
  • Habilidades necessárias: inglês avançado, grande capacidade analítica, estatística e habilidade com números. 

Gerente de seguros financeiros 

  • Terá como responsabilidade vender seguros financeiros que protejam os investidores de criptoativos contra a oscilação das moedas no mercado. Provavelmente esse produto evolua para seguros de NFTs também a depender de como a estruturação desses produtos também venham a evoluir. 
  • Habilidades necessárias: inglês avançado, bom relacionamento, conhecimento sobre mercado de NFTs e conhecimento em seguros.f
Tecnologia 

Gerente de Segurança da Informação & Riscos 

  • Com o avanço da tecnologia, a área de segurança da informação cresceu bastante. Isso, somado à chegada do metaverso, irá gerar um grande investimento para que ele seja um ambiente seguro. Quem atuar nessa área terá de fornecer orientação e supervisão para que o desenvolvimento de tecnologias e ecossistema esteja seguro e que não haja falhas de segurança das informações. 
  • Habilidades necessárias: conhecimento em regras de segurança da informação e riscos.

Especialista em segurança cibernética 

  • Irão avaliar e bloquear invasões em tempo real e garantir que as leis e protocolos definidos pelo time de segurança da informação sejam reconsiderados e corrigidos. 
  • Habilidades necessárias:  experiência em segurança cibernética regular e/ou inclinações técnicas de sistemas.

Engenheiro de tecnologia de metaverso 

  • Similar aos designers de games e engenheiros de software, o Engenheiro de Mmxiste. 
  • Habilidades necessárias: conhecimento em linguagens de programação, além de vivência com 3D e realidade virtual.

Desenvolvedores de avatares 

  • Ajudarão na personalização de avatares para indivíduos e empresas. 
  • Profissionais com conhecimentos em programação e desginer poderão se especializar também em realidade aumentada e 3D e se capacitar para ocupar este cargo.

Cientista de pesquisa em metaverso 

  • Responsável por construir o que se assemelha à teoria de tudo, onde o mundo inteiro seja visível e possa ser acionado de maneira digital. A tecnologia será a base para jogos, anúncios, controle de qualidade em fábricas, saúde conectada e mais.
  • Estes profissionais trabalharão com dados e informações e poderão vir com backgrounds de estatística e ciência de dados.
Varejo 

Estilista de moda digital  

  • Com a evolução dos NFTs, alguns designers vão se especializar em desenvolver produtos para o mundo virtual, sejam “skins” (roupas para avatares) ou acessórios. Exemplos já são vistos em marcas como Balenciaga, Nike, etc. 
  • Habilidades necessárias: estilismo e modelagem, design têxtil, ilustração, animação e modelagem 3D, história da arte e da moda, gaming e entretenimento.

Designer espacialdigital 

  • Com a evolução dos cenários e das interfaces nos jogos, cada vez mais marcas criação cenários e lojas dentro desse mundo virtual, a fim de promover a melhor experiência. Alguns varejistas já estão experimentando inclusive a conversão para venda desses espaços, como o Walmart mostrou na última edição da NRF (National Retail Federation). 
  • Habilidades necessárias: computação espacial, programação, inteligência artificial, física aplicada, design gráfico, modelagem 3D, arquitetura, antropologia, ciências cognitivas.

Diretor de eventos  

  • Responsável por promover eventos virtuais, com a oportunidade de ter um alcance muito maior que num evento físico, vide lançamentos de músicas que alguns artistas fizeram com shows dentro de jogos. 
  • Habilidades necessárias: relações interpessoais, psicologia, organização, cultura, empatia, versatilidade, navegação imersiva.

Influenciador avatar 

  • Avatares criados a partir de influenciadores reais, ou não. Atuam como influenciadores de marcas, com a vantagem estar sempre disponível e em vários locais ao mesmo tempo. Alguns varejistas também têm trabalhado com avatares, como a Renner e o Magalu
  • Habilidades necessárias: psicologia, organização, influência, cultura, empatia, modelagem 3D, design gráfico, inteligência artificial.

Indústria

Engenheiro de hardware  

  • Os testes de simulação poderão ser aprimorados, com sensores de temperatura e pressão que, para serem criados, necessitarão de Engenheiros de Hardware. Eles construirão sensores de operações industriais seguros o suficiente para serem utilizados em testes industriais. 
  • Habilidades necessárias: raciocínio lógico-matemático, conhecimentos de física, engenharia mecânica, design de produtos, inteligência artificial e modelagem 3D. 
Gerente de Segurança
  • Além dos sensores de segurança, o setor industrial abrange uma larga gama de leis de segurança do trabalho que precisam ser seguidas. O Gerente de Segurança auxiliará em como implantar estas leis na arquitetura de funcionalidade do metaverso, nos processos, design e etapas de validação. 
  • Habilidades necessárias: conhecimentos de segurança do trabalho, operações de processos industriais, engenharia de produção e de analista de negócio de sistemas. 

Desenvolvedor de ecossistema

  • Responsável por coordenar as interações de indústrias e parceiros diferentes, por meio da interoperabilidade de sistemas do metaverso. Ele articula todos os agentes corporativos, de governo e civis para criar funcionalidades em larga escala, entre diferentes experiências virtuais. 
  • Habilidades necessárias: conhecimentos de engenharia civil, legalizações, design de produto, modelagem 3D e inteligência artificial.
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Por Luísa Granato

Publicado originalmente em: cutt.ly/nPY3JDj

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