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Exame: Com dívida de R$ 528 mi, St. Marché pede homologação de plano de recuperação extrajudicial

Grupo busca reestruturar passivo financeiro e reduzir participação do fundo L Catterton

O grupo St. Marché entrou na Justiça de São Paulo nesta quarta-feira, 16, com um pedido de homologação de seu plano de recuperação extrajudicial. Com dívidas financeiras que somam R$ 528 milhões, a varejista busca negociar diretamente com seus credores, sem a necessidade de um processo judicial formal.

Segundo o pedido elaborado pelo escritório de advocacia TWK, “o ajuizamento do pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial, para reestruturação de seu passivo financeiro, se mostrou como o caminho viável, sem penalizar os demais credores, em especial seus colaboradores e fornecedores”, ressaltando ainda a concordância do principal credor financeiro com a iniciativa.

Além de supermercados voltados para o público de alta renda, o grupo detém duas unidades do Empório Santa Maria em São Paulo e também mantém operação no e-commerce. De acordo com especialistas, o crescimento das dívidas ocorreu após uma expansão acelerada durante a pandemia, quando o Saint Marché investiu mais de R$ 100 milhões. Nesse período, as taxas de juro estavam em 2%, mas começaram a subir até alcançar 11,7%.

O St. Marché tem 31 supermercados na capital paulista, além de unidades em Santos e Campinas.

Estratégia de reestruturação e venda da rede

O processo de recuperação extrajudicial foi iniciado em fevereiro, quando o grupo obteve a suspensão por 60 dias da execução de suas dívidas. Ao mesmo tempo, os sócios do fundo americano L Catterton, que controla cerca de 65% do grupo, procuravam um comprador para sua fatia. Entretanto, as dificuldades financeiras impediram a concretização de um controle completamente novo da rede.

Um fundo de investimento gerido pelo BTG Pactual, principal credor com R$ 275 milhões a receber, já manifestou apoio ao plano de recuperação e ajudará na reestruturação.

O grupo também planeja um empréstimo de R$ 127,5 milhões, com bônus de subscrição para os credores que aderirem ao acordo. O fundo L Catterton, por sua vez, participará com um terço desse empréstimo, mas perderá sua posição majoritária e não terá direito ao bônus.

Os recursos injetados no grupo serão usados para quitar parte das dívidas com fornecedores, que somam cerca de R$ 40 milhões, além de repor estoques.

O plano prevê o alongamento do pagamento das dívidas em até 30 anos, com correção pelo CDI e pela TR. O Saint Marché ainda negocia com os demais credores para finalizar a reestruturação.

Fundado em 2002 pelos empresários Bernardo Ourto Preto e Victor Leal, o grupo foi adquirido em 2016 pelo fundo L Catterton, que pagou R$ 226 milhões pelo controle.

Com aproximadamente 2 mil funcionários, o faturamento da rede alcançou R$ 1,1 bilhão em 2023. Contudo, a operação tem enfrentado prejuízos, com um resultado negativo até setembro do ano passado, quando o faturamento foi de R$ 971 milhões. A varejista não comentou oficialmente sobre o pedido de recuperação.


Por Rebeca Freitas

Publicação original: bit.ly/3RTsls9

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