Conheça algumas soluções urbanas baratas para aliviar um problema global que veio para ficar

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas de perigo para 13 estados brasileiros e o Distrito Federal, devido às altas temperaturas previstas para os próximos dias.

Os alertas são para as áreas do Centro-Oeste e Sudeste, abrangendo também alguns estados das regiões Norte e Sul. A expectativa é que as temperaturas nessas regiões estejam 5ºC acima da média histórica para o mês.

A atual onda de calor deve continuar pelo menos até o próximo domingo (19) em grande parte do país. Segundo o Inmet, os termômetros devem registrar as maiores altas do ano nos estados mais centrais do Brasil, em especial no Sudeste e no Centro-Oeste, até pelo menos a quarta-feira (15).

Em São Paulo, a temperatura só deve baixar na semana do dia 20, de acordo com as mínimas e máximas previstas pelo Climatempo.

Problema mundial

Vários países estão sendo afetados neste ano por fortes ondas de calor, fenômeno que vem se tornando mais duradouro e mais frequente como resultado de um novo cenário climático. “Chegou a era do aquecimento global intenso”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “As mudanças climáticas estão aqui. É aterrorizante. E é apenas o começo.”

Com isso, cidades ao redor do mundo estão experimentando técnicas e iniciativas de resfriamento, incluindo áreas verdes urbanas e nomeação de ondas de calor. A Comissão Global de Biodiversidade das Cidades do Fórum Econômico Mundial ajudou a desenvolver a Plataforma de Ação de Calor para fornecer às cidades um roteiro e ferramentas para lidar com o calor extremo.

Então, o que o mundo pode fazer? Aqui estão algumas das soluções:

Áreas verdes urbanas

Criar paredes vivas, telhados verdes e corredores verdes podem beneficiar cidades em áreas de alta precipitação, incluindo regiões próximas ao equador e no norte da Europa, porque o vapor d’água, liberado pelas plantas durante a fotossíntese tem um efeito de resfriamento, de acordo com artigo do The Conversation.

• Freetown, em Serra Leoa, pretende plantar 1 milhão de árvores para resfriar a cidade.
  
  

Arquitetura tradicional

No Golfo Pérsico, um estudo descobriu que a arquitetura tradicional – incluindo becos estreitos que maximizam sombras, pátios internos e materiais de construção reflexivos que absorvem umidade, como calcário – pode ajudar a resfriar áreas urbanas.

• Cidade do Cabo e Buenos Aires estão implementando telhados de cores claras e outros métodos de resfriamento em habitações públicas.

Nomeação de oficiais de calor

Jane Gilbert, de Miami, nos Estados Unidos, se tornou a primeira oficial de calor do mundo em maio de 2021, e à medida que as temperaturas globais aumentam, esse cargo está se tornando cada vez mais disseminado e importante. Ela afirmou que as principais áreas prioritárias a serem abordadas são:

• Mitigação de ilhas de calor urbanas (cobertura vegetal, pavimentos e telhados frios);
• Proteção de residências (o que inclui construção de casas e abrigos mais seguros);
• Educação pública.

Nomenclatura de ondas de calor

Pesquisadora e conselheira para resiliência e sustentabilidade da cidade de Atenas, Eleni Myrivili pilotou a categorização de ondas de calor por nível de ameaça — semelhante aos avisos de furacões. Um algoritmo usa previsões meteorológicas e taxas de mortalidade passadas para dar a população uma indicação de quão perigoso pode ser o calor.

• Em Sevilha foi introduzida uma escala de três níveis que nomeia ondas de calor em ordem alfabética inversa. O novo sistema foi implementado no final de julho de 2022, com Zoe se tornando a primeira onda de calor com nome no mundo.
  

Resfriamento passivo

Um estudo dos EUA descobriu que técnicas de resfriamento passivo, como sombreamento e ventilação natural, podem reduzir o uso de ar condicionado em até 80%. As simulações usando dados meteorológicos de 2021 mostraram que essas técnicas podem manter as temperaturas nos apartamentos confortáveis ​​mesmo sem ar condicionado. Pesquisadores acreditam que esses resultados podem ser usados ​​para estabelecer códigos de construção que exijam janelas maiores ​​e toldos frios que funcionem, para proteger os inquilinos do calor excessivo.

Lugares frescos

Em todo o mundo, as cidades estão experimentando técnicas de resfriamento, incluindo a rede de ruas sem carros onde sprays de água baixam a temperatura. O aplicativo Extrema alerta sobre episódios de calor extremo na Europa e oferece uma lista útil de lugares para se refrescar.

• Em Tóquio estão sendo construídos túneis de vento para aumentar o fluxo de ar em áreas quentes;
• Em Tel Aviv está instalando toldos de tecido de cor clara com painéis solares que alimentam as luzes à noite;
• Em Viena, sprays de névoa liberam finas nuvens de vapor que baixam a temperatura nas “coole strasse” (ruas frescas). Foram instalados equipamento em 22 locais em 18 bairros da capital austríaca.

Padrões de sombra

• Abu Dhabi exige que 80% das calçadas principais tenham sombra contínua;
• Tel Aviv recomenda que 80% das ruas públicas, caminhos e calçadas tenham sombra contínua;
• Cingapura vai ainda mais longe, exigindo que pelo menos metade da área de espaços públicos e assentos seja sombreada no auge do verão.

Publicado originalmente em 27 de agosto