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Grandes seleções decepcionam na Copa e dão espaço para times menores sonhar

SAMARA, Rússia (Reuters) – Palco onde tradicionalmente as maiores seleções do mundo desfilam seus talentos, a Copa do Mundo deste ano está vendo os gigantes do futebol internacional decepcionarem ao enfrentar adversários de menor destaque, mas taticamente bem organizados.

Brasil, Alemanha e Argentina somam 11 títulos mundiais entre si, mas foram incapazes de vencer seus jogos de estreia na Rússia, fazendo muitos se perguntarem se trata-se de um simples tropeço ou uma indicação de uma mudança no equilíbrio de poder.

Acrescente-se o fato de a Espanha, campeã mundial de 2010, não ter conseguido derrotar Portugal e de a França ter sofrido para superar um dos elencos australianos supostamente mais fracos dos últimos anos.

A derrota alemã de 1 x 0 para o México não foi inédita para um atual campeão do mundo, mas foi estatisticamente impressionante. Os atuais detentores do título de juntaram a Espanha (2014), França (2002), Argentina (1990 e 1982) e Itália (1950) em uma lista de campeões derrotados no primeiro jogo do Mundial seguinte.

Mas essa foi a primeira derrota da Alemanha em um jogo de estreia desde 1982 e a primeira ocasião na história do Mundial em que alemães, brasileiros e argentinos não venceram em sua primeira partida no torneio.

Só que nem todos estão convencidos de que uma competição que só teve oito vencedores em sua história de 88 anos testemunhou subitamente um cenário mais equilibrado — o técnico do Manchester United, José Mourinho, é um dos que acreditam em um tropeço.

“Todos eles se classificarão”, disse o treinador português.

Para fazê-lo, porém, terão que reafirmar sua superioridade diante de equipes menores no papel que parecem ter combinado um plano para frustrar adversários mais talentosos.

A Argentina, que ficou num empate de 1 x 1 com a Islândia, e o Brasil, que dividiu os pontos com a Suíça, enfrentaram times dispostos a trocar a iniciativa no ataque por uma organização defensiva rígida e níveis hercúleos de esforço físico na marcação.

O México levou essa tática um passo além, combinando uma muralha defensiva com um contra-ataque veloz que surpreendeu a retaguarda madura da Alemanha.

Jogar na retranca não é uma ideia nova para países pequenos que tentam contrariar as probabilidades.

Quatro anos atrás a Costa Rica mostrou, ao chegar às quartas de final, que a capacidade de frustrar oponentes de mais tradição pode render muito, e a chegada da Islândia à mesma fase da Euro 2016 foi o exemplo mais recente de como a cautela pode se tornar uma maneira confiável de ir além das expectativas.

Os esforços alemães para dominar os mexicanos pareceram especialmente fúteis — quanto mais recursos investiam no ataques, mais vulneráveis aparentavam ficar no contragolpe.

Até seus jogadores viram que caíram em uma armadilha montada cuidadosamente, e o zagueiro central Mats Hummels disse que a incapacidade de sua seleção para tapar os buracos na defesa foi tema de debates “internos”.

É claro que romper uma defesa robusta é mais difícil quando seus astros não mostram serviço, e tanto o Brasil quanto a Argentina precisarão ver seus talentos brilharem mais.

Lionel Messi, que ainda não ergueu um troféu internacional pela Argentina, parecia carregar todo o peso do mundo nos ombros ao perder um pênalti contra os islandeses.

Neymar, o jogador de futebol mais caro do planeta, não se saiu melhor diante dos suíços em sua primeira partida de competição oficial após uma longa ausência provocada por uma lesão.

O atacante do Paris Saint-Germain passou boa parte do jogo rolando na grama, uma que os suíços abusaram de faltas nele, cometendo 10 de suas 19 faltas em Neymar.

Com jogadores como Neymar e Messi decepcionando, o temor de enfrentar o Brasil ou a Argentina diminuiu um pouco.

À medida que o torneio prosseguir, ficará claro se esse temor desapareceu de vez ou se voltará com força.

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