Boletim de MONEY REPORT sobre questões ambientais, sociais e de governança no mundo dos negócios

Com bacuri, cumari e castanha-do-brasil, COP+ quer ser o sorvete da COP30

Fundada em Belém e com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, a Gelateria Damazônia lançou o COP+, em homenagem à biodiversidade amazônica e à COP30, que será realizada em Belém. Com ingredientes típicos da região, como cumaru, bacuri e castanha-do-brasil, o novo sabor reforça o compromisso da marca com a sustentabilidade. Parte da renda das vendas será destinada a projetos sociais da comunidade católica Santa Isabel de Hungria, como parte da agenda verde da empresa, que também inclui embalagens ecológicas, produtos veganos e ações para reduzir as emissões de carbono. A marca planeja expandir para todas as capitais do Brasil até 2026.

Veneno na água: defensivos contaminam chuvas em SP

Pesquisa da Unicamp revelou a presença de agrotóxicos, incluindo substâncias proibidas no Brasil, na água da chuva em cidades como Campinas, Brotas e São Paulo. Em 100% das amostras foi detectada a presença de atrazina, componente de herbicidas que pode prejudicar fetos humanos. As concentrações mais altas foram registradas em regiões agrícolas, evidenciando a correlação entre o uso intensivo de pesticidas e a contaminação atmosférica. Substâncias como o carbendazim, o 2,4-D e o fipronil também foram encontradas, levantando preocupações sobre os riscos à saúde humana, animal e ao meio ambiente, especialmente diante da ausência de padrões seguros para exposições crônicas.

Importação de resíduos para reciclagem é regulada

O governo federal regulamentou a importação de resíduos sólidos por meio de um novo decreto que autoriza apenas 20 tipos de materiais — 15 minérios estratégicos e 5 recicláveis, como aço, alumínio, cobre, titânio, papel e PET —, com o objetivo de impulsionar a economia circular e fortalecer a indústria nacional de reciclagem. A medida, baseada na Lei 15.088/2025, estabelece critérios rígidos para garantir alinhamento com as políticas ambientais e industriais, priorizando o uso de resíduos disponíveis no mercado interno e beneficiando cooperativas e catadores. Também proíbe a importação de rejeitos perigosos, exceto em casos previstos pela Convenção de Basileia.

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Minerais da transição aceleram crise climática

Estudo do Observatório da Mineração alerta que a crescente exploração de minerais usados na transição energética está acelerando a crise climática em estados como Minas Gerais, Pará, Bahia e Goiás. Com base em dados da consultoria TMP, o relatório aponta impactos ambientais severos, como desmatamento, escassez hídrica, aumento de eventos climáticos extremos e contaminação ambiental, especialmente em regiões como o Vale do Jequitinhonha, epicentro da extração de lítio. A pesquisa denuncia a criação de “zonas de sacrifício” no Brasil para atender à demanda global por descarbonização, questionando o modelo atual de desenvolvimento e destacando a necessidade de fiscalização rigorosa e políticas ambientais mais eficazes. Ambientalistas alertam que próximos das zonas de sacrifício seriam necessárias áreas protegidas e corredores ecológicos, criando “zonas de amortecimento”.

O que diz o Atlas da Amazônia Brasileira

Lançado em Belém (PA) pela Fundação Heinrich Böll, o Atlas da Amazônia Brasileira reúne 32 artigos escritos majoritariamente por autores amazônicas, apresentando uma visão crítica e diversa sobre a região, abordando temas como desmatamento, exploração ilegal, violência e justiça socioambiental. A obra busca desconstruir estereótipos e ampliar o debate ambiental em um momento estratégico, com a realização da COP30 na Amazônia, propondo soluções sustentáveis locais. Com foco na valorização do protagonismo dos povos da floresta, o Atlas denuncia violações de direitos e estimula ações pela preservação e proteção do bioma amazônico.

Marajoara cria projetos sustentáveis para pecuaristas

Sediada em Hidrolândia (GO), a Marajoara Laticínios desenvolveu dois projetos sustentáveis que beneficiam tanto pecuaristas locais quanto o meio ambiente. Com sua Estação de Tratamento de Água (ETE), a indústria purifica a água e gera cerca de 300 toneladas de biomassa mensal, utilizada como fertilizante gratuito para produtores vizinhos, enriquecendo o solo e aumentando a produtividade do pasto. Além disso, a empresa implementou um sistema de fertirrigação que reaproveita a água tratada, garantindo pastagem nutritiva durante todo o ano, aliviando os efeitos das estiagens sazonais, cada vez mais comuns.

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NetZero ganha US$ 15 milhões para uso de biochar

A startup franco-brasileira NetZero recebeu US$ 15 milhões no XPRIZE Carbon Removal por seu projeto inovador de remoção de carbono, utilizando biochar, produto derivado de resíduos agrícolas, como cascas de café. O processo captura carbono da atmosfera e o armazena no solo, melhorando a produtividade agrícola. A tecnologia é aplicada por produtores de café no Brasil, aumentando a produtividade e reduzindo custos. A premiação deve ajudar a popularizar o uso do biochar como alternativa de mitigação das mudanças climáticas.

Bioenergia evita 64,4 milhões de toneladas de CO₂eq

Em 2024, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) evitadas pela presença da bioenergia na matriz de combustíveis leves do Brasil atingiram 64,4 milhões de toneladas de CO₂eq (toneladas equivalentes), conforme relatório do Observatório de Bioeconomia da FGV. O resultado reflete o aumento da participação do etanol hidratado, que cresceu 33% nas vendas, contribuindo para a redução da intensidade média de emissões para 62,6 gCO₂eq/MJ, uma melhoria de 4,2% em relação ao ano anterior. Os estados com maior emprego de bioenergia e menores emissões por megajoule foram Mato Grosso, Goiás e São Paulo. Além disso, a bioenergia evitou 44,0 milhões de toneladas de CO₂eq, equivalente à captura de 107,2 mil hectares de floresta tropical. O biodiesel também contribuiu significativamente, com uma redução de 1,8% na intensidade de carbono no transporte pesado. O estudo destaca o papel da bioenergia na descarbonização e na liderança do Brasil no setor, especialmente em um ano marcado pela COP30.

Celular ajuda na rastreabilidade de cafés indígenas

Durante seu doutorado na Unicamp, o pesquisador Michel Rocha Baqueta desenvolveu métodos para autenticar cafés da espécie canéfora (robusta e conilon) produzidos no Brasil, com destaque para os cultivados por indígenas em Rondônia. Utilizando desde técnicas avançadas de análise química até ciência de dados e imagens capturadas por celular, ele e sua equipe conseguiram identificar origem, verificar adulterações e caracterizar sensorialmente os plantios, revelando que os canéforas brasileiros podem atingir padrões de cafés especiais. O estudo demonstrou a singularidade dos cafés indígenas da Amazônia, seu potencial para o mercado premium e alertou para fraudes crescentes, como o uso de adulterantes não-cafeeiros, como sementes de açaí e milho, reforçando a importância de métodos de controle rigorosos na cadeia produtiva.

Mulheres ampliam protagonismo no e-commerce

Elas estão ganhando protagonismo no e-commerce brasileiro, impulsionando categorias antes dominadas por homens, como casa e construção, que registrou crescimento de 38,3% nas compras realizadas por consumidoras em 2024, segundo pesquisa da Neotrust. Esse movimento reflete uma transformação no comportamento de consumo feminino, marcada por maior autonomia, acesso à informação e independência financeira. A categoria ar e ventilação também teve destaque, com alta de 26,8%. No total, as mulheres movimentaram R$ 167,7 bilhões no e-commerce em 2024, superando os homens. Para especialistas, essa evolução exige que o varejo digital se adapte a um público cada vez mais conectado, exigente e influente.