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Os perigos na água lamacenta que suja o Caribe Amazônico

O Rio Tapajós, na região de Alter do Chão, é chamado de Caribe Amazônico. Só que suas águas entre os municípios de Santarém e Itaituba, nem de longe fazem juz ao epíteto. De acordo com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a mudança de uma água translúcida para barrenta se deve ao desmatamento, queimadas, mineração ilegal e agronegócio.

À CNN Brasil, o coordenador do Grupo de Ecologia Aquática da Universidade Federal do Pará (UFPA), Tommaso Giarrizzo, explicou que o conjunto dessas atividades gera uma erosão no solo da região, e que esse processo acarreta a acumulação de sedimentos na água – uma explicação possível para a alteração. Algo inédito em Alter do Chão em épocas sem chuvas. Do alto é possível perceber a diferença na coloração água do rio (na imagem) em um trecho separado por um istmo de areia que surge na estação seca para virar uma disputada praia.

A doutora em ciências biológicas que integra um grupo de pesquisa da Ufopa no rio Tapajós, Dávia Talgatti, disse ao G1 que expedições são realizadas para coleta de amostras da água em vários pontos para análise. Talgatti explicou que na Amazônia há três tipos de água nos rios (claras, brancas e pretas). O Tapajós tem água clara, azul-esverdeado. Porém, há alguns meses, se tornou amarelada, turva pelo barro que cai das margens e do sedimento que aflora do fundo por causa do garimpo ilegal. E junto com a lama vem mercúrio e dejetos que afetam flora, fauna e a vida nas localidades ribeirinhas.

Mercúrio por todos os lugares

  • Indígenas: em outubro de 2021, o resultado da pesquisa sobre exposição ao mercúrio em áreas indígenas do médio rio Tapajós foi apresentado à Promotoria de Justiça de Santarém. Foram apontados níveis variados do metal nas amostras de cabelo de todos os participantes (crianças, adultos, idosos, homens e mulheres). Os índices mais elevados foram observados na aldeia Sawré Aboy, seguida da aldeia Poxo Muybu e Sawré Muybu. De 57 crianças, nove (15,8%) apresentaram problemas nos testes de neurodesenvolvimento;
  • Pescados: a análise mostrou que as espécies da região apresentaram níveis altos de contaminação. As concentrações médias de mercúrio indicam que as doses de ingestão diária estimadas são de quatro a 18 vezes maiores do que os limites seguros preconizados pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês), e de duas a nove vezes maiores que o tolerado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO);
  • Gestantes: em setembro de 2017 foi relatado um estudo com 45 gestantes atendidas no Hospital Municipal de Santarém. Em 37% das grávidas foi detectado mercúrio acima do nível recomendado.

(Imagem em destaque: fonte: Poraquê Turismo/foto: Élder Stéfano)

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