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Recuperação após a Gripe de 1918: isolamento salvou vidas e negócios

O Fed, o banco central norte-americano, divulgou uma pesquisa histórica analisando como se comportou a economia de regiões e condados dos Estados Unidos que adotaram ou não o isolamento social durante a Gripe Espanhola, em 1918. As estimativas indicam que a pandemia reduziu a produção industrial dos EUA em 18%. Para os pesquisadores, apesar das distâncias temporal e tecnológica, as restrições que reduziram a mortalidade e mitigaram as consequências econômicas são lições válidas para a atualidade. “Concluímos que as cidades que intervieram mais cedo e de forma mais agressiva não apresentaram desempenho pior [que as demais] e cresceram mais rapidamente após o término da pandemia”, concluiu o documento.

Como flexibilizar ou manter o isolamento provoca debates inflamados no Brasil, MONEY REPORT apresentou o estudo para a apreciação de economistas da FGV, Insper e FEA/USP. Eles foram unânimes em reconhecer que o trabalho do Fed apresentou valiosas indicações “qualitativas” sobre uma futura recuperação no Brasil, levando em conta a preservação do capital humano e a manutenção dos sistemas de crédito. Os dados de 1918 indicaram que a Gripe Espanhola “desorganizou e deteriorou” as relações entre empresas, clientes e fornecedores nos locais em que houve grande número de vítimas – isto é, onde as restrições de contato social não ocorreram, começaram mais tarde ou foram conduzidas de modo frouxo.

“Ao contrário do que prega o nosso presidente, no passado, quem não adotou isolamento sofreu mais, até se recuperou no início, mas não alcançou os níveis anteriores, já que houve perda de capital humano e força de trabalho”, disse Eduardo Correia, professor de macroeconomia e desenvolvimento econômico dos cursos de pós do Insper.

Para István Kaznar, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da FGV, os fatores podem ser diferentes, mas a lógica da preservação de vida e mercados, via isolamento temporário, permanece correta. “Só assim a recuperação econômica vai permitir investimentos e reinvestimentos”, diz. A solução mais óbvia seria via créditos públicos para pessoas e empresas – como o governo tenta fazer -, já que pode ocorrer uma queda de até 20% no PIB brasileiro.

A sorte do Brasil é poder analisar as soluções tanto do passado distante, na Gripe Espanhola nos EUA, quando do recente, já que a pandemia de coronavírus está mais adiantada em outros países, diz Paulo Feldmann, da da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP. “Dessa vez há consenso até entre os monetaristas sobre o papel do estado para resolver essa crise”, diz Feldmann. “O grande ponto é que o governo, nessas situações, precisa ajudar os agentes econômicos”, diz Eduardo Correia.

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