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Professor do Insper vê “desonestidade” em discussão sobre a Previdência

Ricardo Brito, professor de economia do Insper, não demonstra otimismo sobre as chances de aprovação da reforma na Previdência. Estudioso do tema, ele vê o debate na corrida eleitoral como um verdadeiro teatro, com os candidatos se esquivando do assunto. Em entrevista a MONEY REPORT, o economista falou sobre o cenário eleitoral e suas ideias para uma Previdência mais sustentável. Abaixo os principais trechos da entrevista:

Como você avalia o debate sobre a Previdência na campanha eleitoral?

Eu vejo como um teatro. Em vez de esclarecer ao eleitorado que só existe uma saída para a Previdência, que é a reforma, os candidatos, em maior ou menor grau, sempre procuram se esquivar sobre o tema. Tenho a seguinte impressão: eles dizem que vai ser uma reforma “light”, mas isso é insuficiente. Existe um déficit crescente na Previdência e, com o envelhecimento da população, a conta não vai fechar. O debate presidencial neste campo não tem sido produtivo, nem honesto.

Pensando na possibilidade de uma reforma para o próximo mandato, você vê essa chance com otimismo ou pessimismo?

Pessimismo. Eu acho improvável que a gente faça a reforma voluntariamente. O governo vai acabar fazendo um reforma pequena, que contém minimamente o déficit. Mas em cinco anos o rombo volta a subir e seremos obrigados a fazer outra reforma. Ao invés de prevenir, a gente vai remediando.

E o que fazer para mudar esse quadro?

A gente precisa separar o que é assistência social e o que é Previdência. O que vai ser assistência social, via Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), é uma decisão que a sociedade, democraticamente, pode e deve tomar, sabendo dos custos. Essa não é uma escolha econômica, essa é uma escolha social. Se a sociedade brasileira acha, e eu concordo, que a desigualdade no Brasil é gritante, é preciso fazer alguma coisa. Agora, a gente vai pagar um salário mínimo aos idosos, ou investir os recursos em creches e assistência social para as crianças? É uma escolha complicada. Sobre a Previdência vista separadamente, fora da assistência social: a conta precisa fechar. As pessoas não deveriam sacar mais do que contribuíram ao longo da vida. Deveríamos ter contas individuais, que já existem, mas não são usadas para gestão da Previdência. Os benefícios futuros deveriam ser calculados a partir das contribuições capitalizadas ao longo da vida.

Como isso funcionaria na prática?

Deveríamos ter uma previdência estatal com um teto muito baixo, tanto para o funcionalismo público, sem privilégios para diferentes categorias, quanto para os funcionários da iniciativa privada. O teto baixo seria o mínimo para impedir que algumas pessoas caiam abaixo da linha de pobreza na velhice. Com o teto mais baixo, a contribuição sobre salários também seria mais baixa. Um detalhe importante: essa previdência seria compulsória. Isso é fundamental porque as pessoas às vezes são imprudentes e imediatistas.

 

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