Pesquisar
PATROCINADORES
PATROCINADORES

Há futuro para o MST em um país que cresce por causa do Agro?

Nesta semana, o Movimento dos Sem Terra voltou a invadir uma fazenda de pesquisa da Embrapa em Petrolina, em Pernambuco – é a mesma unidade que tinha sido ocupada pelo MST em abril. Os manifestantes voltaram à cena do crime com o intuito de pressionar o governo federal (e em especial o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) para acelerar o ritmo de assentamentos rurais. Cerca de 1 500 integrantes do movimento entraram na propriedade, fizeram uma algazarra danada durante o domingo e foram embora na segunda-feira.

Lula tem diante de si uma encruzilhada. De um lado, os líderes dos sem-terra sempre foram aliados políticos do PT, a ponto de o governo petista nunca criar mecanismos fortes de repressão à atividade do MST. Tanto é que, em seus dois primeiros mandatos, houve 1.968 invasões em fazendas. A título de comparação, nos quatro anos de Jair Bolsonaro, foram invadidas menos de quarenta propriedades.

De outro lado, o presidente sabe que a importância do agronegócio, em 2023, é muito maior do que vinte anos atrás. Foi a atividade agropecuária que manteve o país na zona do crescimento econômico no início do ano, enquanto as atividades ligadas à indústria, comércio e serviços estão patinando desde o final de 2022. Por isso, o Planalto não pode desagradar os empresários rurais. Além disso, o governo precisa seguir a lei: invasão de propriedade privada é crime. Simples assim (há, porém, uma leitura diferente dentro da esquerda, que julga legal a tomada de terras improdutivas – mas isso é tema para outra discussão).

O fato é que se invadiu um número maior de propriedades rurais nestes primeiros seis meses de governo Lula do que nos quatro anos completos de Bolsonaro. Essa quantidade, embora muito menor do que a observada no passado (não só sob Lula, mas também nas gestões de Fernando Henrique Cardoso e de Dilma Rousseff), também cria insegurança jurídica e ajuda a tornar mais turvo o ambiente de negócios para o Brasil.

Indiscutivelmente, o Agro é uma grande força motriz da economia brasileira atual. São raros os fazendeiros que deixam suas terras improdutivas. Aqueles que não têm capital para explorá-las possuem uma solução simples: arrendar a propriedade a um terceiro, que vai trabalhar as terras. Essa é uma prática comum, hoje, em praticamente todos os estados.

Os empresários agrícolas, ainda, estão cada vez mais preocupados com a produtividade de seus negócios. E usam todas as ferramentas de tecnologia que estão disponíveis no mercado para elevar sua produção. Tomemos a soja como exemplo. A safra de 2002/2003 foi recorde na época: cerca de 50 milhões de toneladas (8 milhões a mais que a anterior). A de 2022/2023? São quase 180 milhões de toneladas. A penúltima safra apontou uma produtividade de 50,8 sacas de soja por hectare. A última mostrou um crescimento de 16 % neste indicador: 58,8 sacas por hectare.

Dentro dessa nova ordem, manter um terreno parado por conta de uma eventual especulação imobiliária não faz sentido algum. É por isso, também, que as invasões estão rareando. Mas há outras razões. Bolsonaro permitiu que os fazendeiros portassem armas não só na sede de suas propriedades, mas também em toda a sua extensão. Isso tornou mais fácil rechaçar as invasões. Por fim, o ex-presidente cortou repasses federais a entidades ligadas aos sem-terra, abundantes nos governos petistas (foram R$ 100 milhões apenas na gestão de Dilma).  

Será que, em uma sociedade cada vez mais alinhada com o agronegócio, haverá espaço para entidades anacrônicas como o MST?

O Brasil precisa de modernidade e inovação. E respira isso no mundo do agronegócio. Há problemas no campo da Reforma Agrária? Muito provavelmente. Neste caso, o governo deve acelerar os assentamentos – mas não pode ser refém de líderes sindicais obsoletos, que são contra a criação de riquezas no Brasil. Na prática, o que a esquerda quer é enfraquecer os ricos para fortalecer os pobres. Ocorre que, sem o empresariado, como a classe trabalhadora irá receber seus vencimentos?

O Agro é uma forma de contrabalançar as intempéries da economia e de turbinar a acumulação de reservas cambiais. O governo ainda precisa trabalhar muito para ajudar esses empresários – em vez de atrapalhá-los ou deixá-los inseguros com esse apoio velado aos sem-terra.

Compartilhe

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pergunte para a

Mônica.

[monica]
Pesquisar

©2017-2020 Money Report. Todos os direitos reservados. Money Report preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe.