É o pior resultado desde 2021; Industrial (-5,8% YoY) e Infraestrutura (-3,3%) tiveram pior desempenho neste início de ano
O primeiro trimestre de 2025 foi desafiador para as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras, que registraram uma queda de 1,2% em seu faturamento, comparado ao mesmo período de 2024. Este desempenho representa a pior retração desde o último trimestre de 2021, refletindo a desaceleração de vários segmentos econômicos.

(Número índice – base: média 2023=100)
Segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), a retração foi ainda mais acentuada em comparação com o quarto trimestre de 2024, quando o faturamento havia diminuído 1,5%. O levantamento, que abrange 736 atividades econômicas, aponta para um recuo generalizado nos setores industrial e de infraestrutura, com o setor de Serviços apresentando uma estabilidade modesta e o Comércio se destacando com crescimento.
Desempenho setorial
O impacto da crise macroeconômica no mercado das PMEs é evidente. O setor industrial registrou uma queda de 5,8% no faturamento, sendo o mais afetado, com 15 dos 23 subsetores acompanhados pelo índice apresentando retração. O segmento de infraestrutura, por sua vez, também foi afetado, com uma queda de 3,3% no faturamento, após um desempenho positivo no último trimestre de 2024.
No entanto, o Comércio mostrou-se o único setor a registrar crescimento, com um aumento de 7,9% no faturamento das PMEs. Dentro deste segmento, o atacado se destacou com um crescimento de 10,2%, impulsionado por atividades como o comércio de bebidas e resinas, enquanto o varejo apresentou uma leve queda de 1,3%.

Preocupações e expectativas para 2025
O economista Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, destaca que o cenário econômico doméstico, com o aumento das incertezas fiscais e das taxas de juros, tem pressionado o poder de compra das famílias, o que impacta diretamente as PMEs. As taxas de juros elevadas prejudicam especialmente as atividades mais intensivas em capital, como aquelas da indústria e infraestrutura.
Além disso, a queda expressiva na confiança do consumidor, que registrou uma retração de 7,6% entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, contribui para o quadro negativo das PMEs, refletindo as dificuldades enfrentadas pelos pequenos empreendedores.
Diferenciação regional e projeções
O desempenho das PMEs também varia conforme a região do país. Enquanto as regiões Sudeste (+0,6%) e Centro-Oeste (+2,5%) apresentaram crescimento, o Norte (-10,4%) e o Sul (-3,5%) e o Nordeste (-3,5%) experimentaram quedas significativas.
Beraldi aponta que, apesar dos desafios macroeconômicos, o crescimento das PMEs deverá continuar alinhado às projeções gerais do PIB brasileiro, que devem ficar em torno de 2% em 2025. Este crescimento será mais modesto em comparação aos anos anteriores, quando o mercado de PMEs apresentou ritmo acelerado.