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Viajando no tempo (ou na maionese?)

A primeira vez que me confrontei com a ideia de viajar na história foi vendo as aventuras dos cientistas Doug Phillips e Tony Newman no seriado “Túnel do Tempo”. Era bacana ver Helena de Tróia, Maria Antonieta e outras personagens famosas usando penteados e maquiagem dos anos 60. Depois, numa Sessão da Tarde, assisti “A Máquina do Tempo”, baseado na obra de H.G. Wells, o autor de ‘O Homem Invisível” e ‘Guerra dos Mundos’. O filme, com Rod Taylor e Ivette Mimieux, mostra os horrores da guerra atômica e seus efeitos na vida do planeta Terra.

Foi em “Back To The Future” que esse tema me conquistou de vez. A possibilidade de voltar ao passado e corrigir o que estava errado me fascinou durante anos, especialmente depois de ver outro filme – “Peggy Sue Got Married”, de Francis Ford Coppola.

Podem dizer que este é um Coppola menor. Não me importo. Gosto do mesmo jeito, assim como adoro “Rumble Fish”, “Cotton Club” e “One From The Heart’. Mas Coppola é assunto para outro dia. Hoje, o assunto é viagem no tempo.

Vocês conhecem o roteiro de “Peggy Sue”?

É o seguinte: uma quarentona, que acaba de se separar no marido que conheceu na adolescência, vai a um baile dos ex-alunos da escola e desmaia. Quando acorda, voltou para o último ano do colégio, quando ficaria grávida, casaria com aquele namorado e seria bem infeliz.

Depois de achar que está louca ou morta, Peggy resolve consertar a sua vida. Mas, aos poucos, percebe que não há como mudar o destino. E acaba descobrindo coisas novas naquele passado revisitado. O tal namorado, por exemplo, tinha um sonho secreto: ser um cantor famoso. Ela, então, diz que escreveu uma música para ele e pede para que a grave. “Vai ser um sucesso, eu tenho certeza” diz ela, estendendo uma partitura ao rapaz.

Mais tarde, ele se encontra com Peggy e diz, num tom arrogante: “Para uma iniciante, até que a canção está bem razoável. Mas eu fiz umas mudancinhas e agora está ótima. Quer ver?”. Ele, então, arremata:

(Imaginem isso na melodia de ‘She Loves You’, dos Beatles):

I love you, uh-uh-uh

You love me, uh-uh-uh

Fica uma porcaria, óbvio. E é nesse momento que ela percebe ser impossível mudar o destino.

Em 2007, escrevi um livro que mistura história e ficção, no qual a possibilidade de se deslocar entre passado e futuro é sutilmente discutida. Foi escrevendo o livro que percebi que o chamado efeito borboleta poderia ocorrer comigo se eu fizesse uma visita ao passado.

O que é o tal efeito? Trata-se de uma expressão que surgiu a partir de um conto de Ray Bradbury. Nesse texto de ficção científica, existe uma espécie de turismo temporal, no qual as pessoas podem voltar ao passado para visitá-lo. Um desses turistas volta à época dos dinossauros, mas acidentalmente mata uma borboleta. Quando ele volta ao futuro, sua namorada deixou de existir.

Fiquei matutando alguns dias sobre isso. E se eu voltasse ao passado e consertasse alguns erros do meu passado? Quando eu voltasse, ainda seria casado com a mesma pessoa? Teria os mesmos filhos? Teria a mesma profissão? Estaria exercendo as mesmas tarefas?

Percebi, nesse momento, que gosto demais da minha vida para arriscar qualquer tipo de mudança. Essa é a minha vida, com suas qualidades e defeitos. Sinto orgulho das minhas realizações e daquilo que aprendi com as besteiras que fiz. Portanto, se um De Lorean prateado aparecer na minha frente, com um velhinho maluco e cabeludo me convidando para um passeio, vou recusar. Enfaticamente.

E você? Aceitaria o convite para visitar o passado?

P.S.: esse filme tem um grande mérito: revelou Jim Carrey e Helen Hunt, que fazem papéis ultra secundários (mas seriam grandes estrelas alguns anos depois).

P.S. 2: Um dos personagens, o beatnik Michael Fitzsimmons, cita um poema de William Butler Yeats (“When You Are Old”), que me marcou na época em que vi o filme (1986). Percam um minuto ou dois lendo essa pequena obra prima:

“When you are old and grey and full of sleep,

And nodding by the fire, take down this book,

And slowly read, and dream of the soft look

Your eyes had once, and of their shadows deep;

How many loved your moments of glad grace,

And loved your beauty with love false or true,

But one man loved the pilgrim soul in you,

And loved the sorrows of your changing face;

And bending down beside the glowing bars,

Murmur, a little sadly, how Love fled

And paced upon the mountains overhead

And hid his face amid a crowd of stars”.

Essa é minha tentativa de tradução:

“Quando você estiver velha, grisalha e sonolenta,

E cochilando perto do fogo, pegue este livro,

E leia devagar, e sonhe com o olhar suave

Que teus olhos já tiveram, com a profundeza de suas sombras;

Quantos amaram seus momentos de graça feliz,

E amaram sua beleza com amor falso ou verdadeiro?

Mas um homem amou a alma peregrina que há em você,

E amou os sofrimentos de seu rosto mutante;

E curvando-me ao lado dos momentos de brilho,

Eu murmuro, um pouco triste, sobre o amor que fugiu

E caminhou pelas montanhas acima

E escondeu seu rosto no meio de uma infinitude de estrelas”.

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