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Por que nos comportamos melhor com estranhos do que com íntimos?

Ontem escrevi sobre os Beatles e hoje começo esse texto lembrando de uma história envolvendo os quatro rapazes de Liverpool. Era janeiro de 1969 e o clima na banda estava péssimo. Ringo Starr tinha abandonado as gravações do Álbum Branco e George Harrison também tinha pedido o boné, pois John Lennon e Paul McCartney estavam com os nervos à flor da pele.

George, então, teve a ideia de chamar um velho amigo, o tecladista Billy Preston (na imagem, com Paul McCartney) para participar da gravação de “Get Back”, com um solo de Fender Rhodes, o piano elétrico que moldaria o som da música pop da primeira metade da década de 1970. Billy agradou tanto que acabou participando de outras faixas, tocando por exemplo o órgão que aparece em “Let it Be”.

A presença dele teve um impacto positivo no comportamento de todos. De uma hora para outra, os membros da banda passaram a se tratar melhor do estúdio. “É interessante ver como as pessoas se comportam bem quando você traz um convidado, porque não querem que todos saibam que eles são tão malvados”, disse George em depoimento ao documentário Anthology.

Esse episódio me fez refletir.

A falta de tato e de polidez que ocorria no dia a dia dos Beatles é algo que pode acontecer dentro do convívio de uma família ou de um escritório. Falta de paciência com os parentes ou colegas mais próximos é algo que pode ocorrer com facilidade dentro de uma casa ou de uma empresa. Parece que todo o nosso esforço em nos manter na linha vale apenas para a vida social. Aqueles que fazem parte de nosso círculo, no entanto, são tratados com uma sinceridade brutal, muitas vezes afiada.

Pergunto: não deveria ser o oposto? Não deveríamos nos controlar mais diante daquelas pessoas que mais amamos e/ou com as quais convivemos?

Normalmente, como os Beatles diante de Billy Preston, nos seguramos diante daqueles que não desfrutam da nossa intimidade. E não vemos nenhum problema em dar uma resposta atravessada aos cônjuges, filhos ou parceiros de empresa sem importar se o motivo é sério ou fútil.

A experiência deveria nos ensinar certas coisas da vida. Mas quase nunca aprendemos sozinhos. Às vezes, precisamos ouvir a coisa certa dos outros e usar o exemplo alheio para sacar algo que estamos fazendo errado.

A maneira pela qual tratamos a nossa própria família pode estar nessa categoria. Marido, esposa, filho e filha merecem a nossa paciência – muito mais do que um desconhecido ou alguém com quem convivemos pouco.

Desde o final de semana passado, passei a respirar fundo a cada momento em que a irritação parecia tomar conta de meu espírito quando sentia a tentação de dar uma resposta lacradora às provocações que normalmente ouço da minha filha. Um ambiente intoxicado pela falta de tolerância é o caminho mais curto para a infelicidade de um núcleo familiar ou de uma equipe profissional. Mas de nada adianta somente se controlar diante de situações que provocam (em maior ou menos escala) a raiva. Os interlocutores precisam ser educados e alertados de seus erros. Quando isso é feito com calma e controle emocional, aquela pessoa que está abusando do direito de ser mal-educada fica surpresa e pode refletir sobre suas atitudes.

Por isso, vamos surpreender e tentar desligar a irritação de nossas cabeças e corações. Nossa saúde, com certeza, vai aprovar com louvores essa nova conduta.

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