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Os jovens e suas “microaposentadorias”

Reportagem recente da revista “Fortune” mostra que os jovens (“Millennials” e integrantes da “Geração Z”) estão tirando períodos sabáticos ao longo de suas carreiras porque não querem repetir o comportamento de seus pais (“Baby boomers” e “Geração X”), que têm mais de 60 anos e continuam trabalhando.

A matéria, ainda, menciona uma pesquisa do instituto Gallup segundo a qual apenas 50% dos trabalhadores consideram que estão prosperando na vida profissional. Esse é o índice mais baixo da série histórica do estudo, que começou a ser realizado em 2009.

O fenômeno de sabáticos entre os jovens foi apelidado de “microaposentadoria” no TikTok – e é visto pelas novas gerações como uma reação ao comportamento dos mais velhos. A juventude considera que a carreira profissional não traz resultados rápidos e se desanima diante das perspectivas de um longa maratona de trabalho pela frente. Por isso, resolvem fazer pequenas pausas para não se desgastar como fizeram as gerações anteriores.

O surgimento das “microaposentadorias”, porém, parte do princípio de que os mais velhos estão infelizes trabalhando após os 60 anos de idade. Isso não é necessariamente verdadeiro. Há pessoas que anseiam pela aposentadoria precoce, é verdade, mas muitos preferem trabalhar na chamada terceira idade.

Talvez, para esses jovens, o trabalho seja apenas uma fonte de renda. Mas a atividade profissional é algo imprescindível na vida de qualquer ser humano. Passamos mais da metade do tempo em que estamos acordados no trabalho. Por esta razão, temos a obrigação de procurar uma ocupação que nos traga realização – ou então encontrarmos motivação em um trabalho que não gostamos.

Muito se diz sobre a falta de resiliência dos jovens de hoje, quando comparados aos “Baby boomers” e oriundos da “Geração x”. Essa crítica pode até ser verdadeira, mas temos de nos lembrar que os nascidos no início do século 20 (que passaram por duas guerras mundiais) também consideravam os velhos de hoje pessoas com menor iniciativa e pouca resistência às dificuldades.

Na reportagem da “Fortune”, os casos relatados de “microaposentados” são de profissionais na casa dos 30 anos de idade. São pessoas que estão ainda no meio do caminho, geralmente ocupando posições de média gerência – sem grande autonomia e com uma carga horária pesada.

Esses profissionais ainda não ascenderam ao Olimpo das empresas e muitos deles não acham que chegarão lá. Provavelmente é aqui que está o maior problema. Se há falta de resiliência entre os jovens, isso pode até ser consertado com o tempo. Mas se não houver ambição, o problema será muito maior.

Ambição, muitas vezes, é vista apenas como ganância por bens materiais. Em parte, é. Mas existe outro aspecto vivido pelos ambiciosos: a necessidade de construir projetos e criar legados. Riqueza é algo muito bom. Mas realização é um sentimento que apenas é atingido quando se tem metas e objetivos. Se o principal propósito de um jovem é aproveitar a vida, tirando folgas em prestações, então essa geração tem um problema sério.

Mas sempre haverá gente ambiciosa e com capacidade de trabalho. Isso significa que, para estes ambiciosos, a concorrência será menor. Dessa forma, teremos muita gente infeliz com o próprio trabalho, esperando ansiosamente pelos finais de semana e pelo período de férias para ver graça na vida.

Isso, no entanto, não é viver. É vegetar.

P.S.: curiosamente, este colunista entra em férias a partir de amanhã. Neste período, vamos reprisar algumas colunas escritas ao longo de 2024. Voltaremos à nossa programação normal no dia 22.

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Comentários

Uma resposta

  1. Bom, antes de mais nada, Aluízio, desejo excelentes férias pra vc e esposa! É frustrante verificar a falta de “ambição” dessa geração, mas, realmente, são muitos os aspectos a serem considerados. Existem, sim, alguns jovens, muito bem preparados/orientados, quer no âmbito da família, quer no escolar/educacional. Eu recebo muitos jovens no estúdio, converso bastante com eles e consigo avaliar, quem tem “família estruturada”, quem cursou boas escolas/universidades. É uma minoria, infelizmente. A maioria quer saber de balada, curtição, música, games etc. Mas, compromissos como “TRABALHO”, principalmente aqueles com “horário de entrada e saída”, a maioria rejeita. OU, não resiste muito tempo. Mas, porquê? No meu modesto entender, por várias razões:
    . Não foram devidamente orientados, desde pequenos, de como se processa a vida, o que significa o dinheiro (e o papel que este desempenha em nossas vidas); as “contas a pagar”, os compromissos, etc. Deveria ser MATÉRIA DE ESCOLA.
    . Os valores dos jovens, hoje, são outros. Enquanto há 30 ou 40 anos, ter uma casa, ter um carro, eram os principais sonhos de consumo, hoje, isso não tem o mesmo peso na “lista de desejos” de uma boa parcela. Sem contar que hoje existem inúmeras modalidades possíveis/disponíveis. Tanto de transporte, quanto de moradia.
    . Havia, de uma forma ou de outra, mais ESPERANÇA, mais perspectiva no FUTURO. Hoje as projeções são bem mais SOMBRIAS. Tanto que ANSIEDADE E DEPRESS˜AO são As DOENÇAS que mais crescem no mundo!
    . De certa forma, as pessoas eram mais voltadas (até porque eram educadas para isso) a satisfazer, primeiro, suas necessidades MATERIAIS. Ter sua casa, seu carro, sua TV, sua geladeira…Apenas uma minoria tinha como 1º plano, se voltar mais às causas espirituais, ambientais, sociais. Hoje isso mudou. Uma boa parte dos jovens, já rejeita o CONSUMISMO, “patrulha” marcas que se utilizam de “testes com animais”, ou que provocam “desmatamento”, poluição de rios, mananciais. Ou marcas (ou pessoas), racistas, homofóbicas, misóginas, etc. A preocupação com a natureza, meio ambiente, minorias, se tornou mais efetiva.
    Mas, é claro, que, ainda estamos no meio do processo. Não tem como saber “no quê isso tudo vai dar”. Estes jovens, que, hoje, privilegiam utilizar seu tempo em viagens, baladas, aventuras, serão idosos mais felizes? Terão, no futuro, resolvido seus problemas de “garantir sua velhice”? Financeiramente? Serão capazes de criar outros “modus operandi” diferentes dos atuais e equacionarem de forma mais inteligente que nós, essas preocupações que temos em “garantir o mínimo, o básico” para uma velhice mais tranquila e segura? O que eu sei é que o ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível. Mas, confesso, meu temor. Tomara que meus medos não se confirmem e eu esteja, realmente, errado. Como cantava Elis (em música de Guilherme Arantes). “Vivendo e aprendendo a jogar…”

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