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Lições para amadurecer melhor: a difícil arte do perdão – parte 3

Nesses anos de vida, aprendi muita coisa, do ponto de vista profissional e pessoal. Tive acesso a pessoas fabulosas durante minha carreira como jornalista e lembro de inúmeras conversas que abriram minha cabeça. Passei boa parte de meus anos lendo livros, revistas, jornais, artigos, posts – tudo que pudesse acrescentar algo à minha pilha de conhecimento. Mas há algo que nunca assimilei de fato: dominar a arte do perdão.

Há um estágio anterior ao de absolver aqueles que lhe fizeram algum tipo de mal – o de relevar. “Deixar para lá” é uma coisa que muitos fazem bastante bem (eu incluído). Mas, no fundo, isso não é suficiente. Colocamos aquela pessoa que nos provocou ressentimentos em um freezer particular e seguimos em frente. Mas, em determinadas situações, um rancor pode continuar existindo silenciosamente, roubando nossa paz interior e nosso equilíbrio emocional. A hora da verdade é quando encontramos com aquele indivíduo que nos incomodou ou enfrentamos uma situação parecida com a nos chateou no passado. Uma frase do ex-presidente americano John F. Kennedy resume bem esse estado de espírito: “Perdoe seus inimigos, mas nunca esqueça seus nomes”.  

O perdão, no fundo, é o mais difícil teste que enfrentamos na vida. Somos treinados silenciosamente para a luta e para o confronto. Quando começamos as nossas carreiras, percebemos rapidamente que o caminho é cheio de solavancos e o que não falta é gente querendo o fracasso alheio. Além disso, buscamos quase sempre a redenção – aquele momento em que mostramos ao mundo que temos (ou tínhamos) razão e que os outros nos fizeram mal.

Perdoar é justamente andar na contramão deste aprendizado. Deixar de lado o confronto e desculpar sinceramente alguém. Mais que isso: zerar a raiva, a amargura e o recalque. Como dizia a filósofa Hannah Arendt, “o perdão é a chave para a ação e para a liberdade”. Quando perdoamos, a alma fica leve – até porque, muitas vezes, estamos nutrindo um ódio por alguém que nem lembra mais de sua existência.

Isso não quer dizer ficar, no entanto, que devemos nos tornar amigos dos antigos inimigos. Não. Definitivamente, não. O ato de perdoar tem mais a ver com a sua capacidade de não deixar que um acontecimento infeliz do passado incomode como se tivesse ocorrido há poucos minutos.

Mas esse não é somente um ato voltado para os outros. Em algumas ocasiões, precisamos perdoar a nós mesmos. Tenho um tique particular: toda vez que me lembro de alguma coisa que fiz no passado e da qual me embaraço, balanço minha cabeça negativamente, como se estivesse em um momento de auto desaprovação. Percebi, recentemente, que esse era um sinal de que não estava me perdoando por algo errado ou vexatório que fiz no passado (quem nunca?).

Com o passar do tempo, nos acostumamos a lidar com sentimentos que ficaram entalados na garganta. E achamos que isso é perfeitamente normal. Apenas quando nos livramos do peso de certas situações do passado é que percebemos o quanto estávamos travados – com um carro que anda com o freio de mão puxado.

Resolver essas questões, porém, não é algo simples. Requer disciplina e honestidade consigo mesmo. Para muitos, é um objetivo praticamente impossível de se atingir sozinho. Nesses casos, é melhor buscar a ajuda de terapeutas ou psiquiatras. Cada um pode encontrar seu caminho de forma diferente. Mas é preciso caçar esses fantasmas internos e tentar dizimá-los. Somente assim é que a maturidade pode ser desfrutada com tranquilidade e paz de espírito.

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