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Educação: um tema tão importante que é discutido até nos seminários de macroeconomia

“A mão que balança o berço é a mão que governa o mundo”. Este é o título de um poema de 1865, escrito por William Ross Wallace, que consagra a mãe como a maior e mais nobre força motriz do planeta. A maternidade, fonte eterna de mudanças no ser humano, é responsável pelo início da vida. E geralmente são as mães que nos conduzem desde os primórdios de nossas existências e representam o primeiro manancial de sabedoria que conhecemos. São elas que nos colocam no trilho da educação e que nos ensinam o bê-á-bá de nossa formação.

Assim como as mães são responsáveis pela nossa civilidade, os países são fiadores da educação de seu povo. E essa é uma discussão que precisamos retomar com profundidade – e o mais rápido possível. Esse tema é tão importante que ontem, em Fórum Econômico organizado por MONEY REPORT, foi levantado inúmeras vezes. Detalhe: todos os painéis eram dedicados a assuntos ligados à macroeconomia e ao mundo dos negócios.

A necessidade de se falar sobre educação foi levantada pelos economistas Marcos Lisboa e Gustavo Loyola e pelos empresários Horácio Lafer Piva, Daniel Randon e Antônio Pipponzi ao longo dos seis painéis de discussão. A razão é simples: sem educação de qualidade não haverá futuro neste país. Cada vez mais estamos ingressando em uma era na qual o conhecimento será estratégico no desenvolvimento das nações – e isso só pode ser obtido com educação.

Não necessariamente é uma questão de se colocar cada vez mais dinheiro no setor. Como bem ponderou Marcos Lisboa, já há muita verba alocada pelo governo para a educação. Só o Fundo Nacional de Educação Básica (Fundeb) possui recursos superiores a R$ 340 bilhões anuais. Um detalhe importante: 70 % desse montante obrigatoriamente precisam ser gastos com salários de professores. Até por conta desta regra, os docentes tiveram uma série de aumentos reais de vencimentos durante muitos anos (essa série, no entanto, foi interrompida em 2020 pelo governo de Jair Bolsonaro).

Precisamos entender mais profundamente nossas necessidades educacionais para gastar melhor as verbas públicas. E isso tem a ver com um planejamento maior e uma discussão mais ampla sobre a destinação de recursos. Nos últimos anos, tivemos um investimento crescente, assim como a massa salarial de professores. Mas, apesar disso, alguém arrisca dizer que nossa educação melhorou? Nem mesmo o mais otimista dos brasileiros faria isso. Na verdade, ocorre o contrário: estamos em queda livre na maioria dos rankings mundiais que medem o aprendizado de nossos alunos.

Querem um exemplo de como gastamos mal nosso dinheiro? Aqui vai um, datado de 2016. Naquele ano, o país investiu o equivalente de 4,2% do Produto Interno Bruto em educação (ensino fundamental ao médio/técnico). Também em 2016, o índice médio dos países da OCDE foi de 3,2%. Isso, em tese, seria uma notícia boa, certo? Afinal, estaríamos investindo relativamente mais do que a média dos países desenvolvidos.  Ocorre, porém, que o nosso investimento proporcional por aluno é inferior à média dessas nações.

Portanto, estamos fazendo alguma coisa errada – e gastando onde o Primeiro Mundo não está.

Marcos Lisboa, ao se referir sobre os leilões de privatização que ocorrem aqui no Brasil, saiu-se com este comentário: “No Brasil, executamos mal várias coisas na administração pública”, disse ele. “Temos uma infinidade de estudos no exterior sobre como obter melhores resultados, mas ignoramos essas alternativas”.

O mesmo pode ser dito em relação à educação. Dinheiro para fazer a coisa certa existe. E o Plano Nacional de Educação, aprovado pela Câmara em 2014, prevê ainda mais recursos. A meta do PNE é que o governo destine o equivalente a 10 % do PIB à educação em 2024. Ou seja, hoje já não estamos gastando da melhor maneira possível nossa verba educacional – e teoricamente vamos dobrar esse volume de investimentos daqui a três anos.

O Brasil, entretanto, precisa se planejar melhor. Antes de gastarmos mais, vamos aprender a investir melhor essa verba preciosa. E aproveitar eventuais aumentos de recursos para alocá-los onde realmente importa – nos mecanismos que vão melhorar o aproveitamento dos alunos e melhorar a posição do Brasil nas listas de países com maior nível de aprendizado de seus jovens.

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