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Como lidar com o ativismo nas empresas?

Nos últimos anos, as empresas – seguindo preceitos ditados pelas práticas ESG – passaram a prestar mais atenção à contratação de minorias e de privilegiar a diversidade, algo importantíssimo para a sociedade e também para o nível de competitividade das companhias.

Esse fenômeno é maior entre as grandes empresas, em especial as multinacionais, seguindo normas internacionais, muitas vezes criadas nos Estados Unidos. O resultado de tudo isso foi um crescimento visível de grupos que antes eram inexistentes ou mínimos dentro das estruturas corporativas.

São vários os estudos que mostram a diversidade como uma ferramenta de competitividade nas empresas. Um ambiente com pessoas vindas de diferentes backgrounds e com experiências de vida distintas colaboram para um ambiente de trabalho mais criativo e com maiores perspectivas de desenvolvimento pessoal.

As companhias multinacionais, especialmente, estão buscando criar equipes heterogêneas e se dedicando a erradicar comportamentos indesejáveis e tóxicos.

Um exemplo clássico de conduta imprópria é o machismo. Nesta seara, há situações que devem ser combatidas arduamente, como a prática de “gaslighting”, “mansplaning” e “manterrupting”. São três termos em inglês que descrevem procedimentos que os machistas adoram colocar em prática. A primeira expressão se refere aos homens que diminuem tanto a importância da mulher que ela passa a duvidar da própria capacidade. O segundo termo descreve executivos que explicam algo óbvio que a interlocutora está cansada de saber. Por fim, “manterrupting” é o ato no qual o homem interrompe uma mulher seguidamente sem deixá-la falar.

Por conta de um trabalho de reformulação cultural nas companhias, essas atitudes estão mudando – talvez não na rapidez que seja necessária. Mas é possível observar que os departamentos de recursos humanos e as chefias estão engajadas em provocar mudanças no machismo endêmico que dominou o cenário corporativo durante décadas.

Mas há um efeito colateral nisso tudo: muitas multinacionais estão agora vivenciando exemplos de ativismo por parte de alguns funcionários.

Há pessoas que confundem uma mera discordância com um comportamento machista e, assim, transformam uma discussão racional, que deveria durar quinze minutos, em uma lenga-lenga interminável de duas horas.

Esse problema, porém, não está relativo apenas à seara do machismo.

Outro dia, um alto executivo de empresa estrangeira chegou do almoço e entrou no elevador. Logo atrás, veio um colaborador que exalava um forte odor de maconha. Ele nada disse e esperou uma reunião que tinha coincidentemente com a superior daquele funcionário.

No encontro, mencionou que a pessoa estava exalando o cheiro de uma droga e que isso não poderia ocorrer. A interlocutora, então, levantou a suspeita de que a queixa se devia ao fato de que a pessoa era não-binária. O executivo retrucou que isso nada tinha a ver com o problema: ele não concordava com o fato de que um colaborador fosse trabalhar sob o efeito de substâncias entorpecentes.

A réplica foi esquisita, para dizer o mínimo: consumir drogas era um comportamento inerente àquele funcionário e que a chefe não iria fazer nada. Disse mais: fumar um baseado na hora do almoço seria semelhante a ele (o executivo) beber um vinho durante a refeição (algo que, convenhamos, é bem diferente).

Combater exageros como preconceitos e comportamentos abusivos foi (e ainda é) uma bandeira importante durante muito tempo nas companhias. Mas não podemos exagerar, enxergando um comportamento tóxico onde não existe. Revanchismo – corporativo ou não – sempre termina mal, criando um clima de “nós contra eles” dentro dos organogramas.

O exemplo da sociedade brasileira, de Fla-Flu político permanente, deveria ser suficiente para nos mostrar o óbvio: é preciso deixar de lado os radicalismos e buscar o entendimento e a tolerância. Sem isso, as empresas viverão um clima interno ruim e vão perder produtividade e objetividade. Além de provocar um estresse violento entre os maiores talentos das companhias – não importa o lado em que eles estejam, ou seu gênero, cor ou religião.

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