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As chuvas do Carnaval: um teste para as vítimas e para os gananciosos

A tragédia que se abateu sobre o litoral norte de São Paulo mostrou um pouco daquilo que pode ser o novo Brasil – um país solidário, que põe as diferenças partidárias de lado para resolver problemas de alto calibre. Logo que a catástrofe foi conhecida, milhares de pessoas já estavam envolvidas, em pleno feriado, para ajudar os desabrigados e as vítimas locais. Grupos de solidariedade foram formados e milhões de reais foram captados rapidamente, assim como cestas básicas e outros itens indispensáveis para um momento como o atual. Foram enviados para a região afetada mais de 10 toneladas de produtos, entre alimentos e itens de higiene.

Um exemplo importante e simbólico veio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Os dois políticos, pertencentes a grupos rivais, trabalharam juntos para encontrar soluções para retirar quem estava sofrendo com os desabamentos e inundações do local e participaram lado a lado de entrevistas coletivas.

Este é o caminho para resolver as questões que afligem a nação. Reunir oponentes políticos em prol de um bem maior. Agora, precisamos torcer para que esse espírito de colaboração continue e se espalhe para outros problemas brasileiros importantes e que não estejam premidos pela pressa imposta pelo flagelo.

Se as lideranças políticas do Brasil entenderem que é preciso pensar no nosso país no longo prazo e para além do mandato de quatro anos, teremos a chance de ultrapassar barreiras históricas que impedem o desenvolvimento nacional e fortalecem um desequilíbrio social gigantesco.

Mas, infelizmente, não vimos apenas manifestações solidárias durante o desenrolar desta calamidade. O lado B deste episódio, infelizmente, mostra aquilo que de pior habita dentro do ser humano.

Tomemos como exemplo a situação testemunhada pelo repórter Wallace Lara, da TV Globo, que mostrou o preço cobrado por um litro d’água durante a sequência de desastres naturais: R$ 93,00. Perplexo diante da ganância humana, o jornalista se emocionou ao relatar os fatos diante da câmara.

Os mais racionais podem dizer que esse preço é resultante da lei da oferta e da procura, o que é verdadeiro. Mas devemos nos perguntar, diante do desespero alheio: uma tragédia dessas proporções pode ser interpretada como uma oportunidade para ganhar dinheiro?

Preços abusivos também foram registrados em todos os tipos de transporte alternativos, especialmente em embarcações que começaram a fazer o translado entre Barra do Sahy ou Juquehy em direção a Bertioga; alguns serviços de helicóptero pegavam passageiros nessas praias e os deixavam em Caraguatatuba. Uma viagem que dura cerca de dez minutos custava R$ 8 000 por cabeça.

Fatalidades como a ocorrida no litoral norte paulista testam o caráter da humanidade. Uns passam nesta avaliação e outros são reprovados com louvor. Mas precisamos sair dessas provações mais fortes do que éramos antes. O matemático e escritor Nassim Nicholas Taleb define bem essa situação. Ele nos propõe o seguinte raciocínio: “Qual é o oposto de frágil? As pessoas costumam responder: “robusto”, “resiliente”, “adaptável”, “forte”, “sólido”. Essa, porém, não é a resposta correta. O oposto de frágil é alguma coisa que vá ganhar da desordem”.

Diante da desordem provocada pela chuva devastadora do Carnaval, só há uma forma de vencer a fragilidade de nossos corpos: a força de nosso caráter e a determinação de fazer a coisa certa.

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