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A falta que faz um projeto de longo prazo para o Brasil

Nas últimas décadas, vimos o crescimento de potências orientais, como Singapura e Coréia (vamos deixar a China de lado nessa discussão), que ascenderam economicamente com base em um projeto de longo prazo que privilegiava educação e estímulos à iniciativa privada. Estes exemplos mostram que é necessário planejar o futuro de uma nação. Mais que isso: uma população mais educada e uma economia de mercado fazem a diferença na geração de riquezas e redução das desigualdades sociais.

Quando tivemos esse tipo de iniciativa no Brasil?

Resposta: nunca.

Dos dois exemplos citados, um é uma ditadura e outro uma democracia. Ou seja, o sistema político não é exatamente um fator decisivo na hora de se criar propostas consistentes de crescimento para um país. Não são também pátrias que primam necessariamente pelo liberalismo econômico. Mas são dois casos que colocaram suas mentes mais evoluídas em prol de um processo de desenvolvimento, colocando ideias transformadoras em um grande tabuleiro de discussão.

Neste sentido, faz falta no Brasil a existência de um número expressivo de think tanks – entidades que geram discussões e soluções sobre determinados assuntos e que poderiam nos ajudar a encontrar novos caminhos para crescer. O economista Stephen Kanitz, com quem já trabalhei na EXAME, anos atrás, está desenvolvendo um trabalho interessante neste campo – a criação de um portal para divulgar pesquisas, notícias, e problemas que fervilham nestes grupos de discussão.

“Esse é o espaço público para discutir divergências e encontrar agendas comuns. Silenciosamente, discretamente, até obtermos consenso. Think tanks focados em políticas públicas baseadas em evidência, com dados e mecanismos de auditoria e acompanhamento. Multidisciplinares e pluralistas ideologicamente. Onde dois e eventualmente três, quatro, cinco polos poderão trabalhar juntos em vez de se digladiarem como hoje”, escreveu Kanitz em seu blog duas semanas atrás.

Seja através de think tanks ou assembleias permanentes, o fato é que não discutimos nosso futuro no Brasil, como se houvesse uma conspiração silenciosa que resolveria automaticamente os problemas sem a interferência dos cidadãos. Até existem certos temas que podem se ajeitar através da mão invisível do mercado. Mas, em diversos outros casos, é preciso estabelecer prioridades e metas, além de buscar resultados.

Em minha vida adulta, nunca vi um governo estabelecer objetivos de longo prazo ou pensar de fato em transformar o país além dos quatro anos de mandato. Falar sobre as mudanças futuras que o Brasil necessita é até é mencionado nas campanhas eleitorais. Mas, uma vez que o candidato se transforma em presidente e se aboleta no Palácio do Planalto, tudo muda. Seu único objetivo parece ser a reeleição – mesmo que para isso se comprometam algumas condições importantes para que a nação floresça no futuro. Este comportamento é percebido em todos – repito, todos – os governos de Fernando Henrique Cardoso para cá.

Precisamos romper com essa inércia e aproveitar as eleições de 2022 para criar um projeto de longo prazo para o Brasil. Nos últimos quarenta anos, perdemos competitividade, sucateamos a indústria nacional e vimos todos os índices que avaliam a educação do país retrocederem. Não podemos mais fingir que esse problema não existe – ou que as coisas vão se ajeitar sozinhas.

É preciso amplificar a discussão dos problemas nacionais, a começar pela educação, saúde e falta de estímulo à iniciativa privada, que gera riquezas e empregos (estamos falando de inúmeras medidas, que vão desde o enxugamento do estado a uma simplificação das leis que tornam o empreendedorismo no Brasil um verdadeiro desafio). Não podemos mais ter governos que apenas promovam mudanças cosméticas e que se preocupem somente com os próximos quatro ou, no máximo, oito anos. Os países que mais cresceram nas últimas décadas olharam mais longe e se planejaram. É disso que o Brasil necessita com urgência.

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