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O bem contra o mal, na visão de Lula

Na entrevista que concedeu ao SBT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou bem claro sua visão de mundo – e especialmente a imagem que tem dos empresários. De toda a conversa que teve com o jornalista César Filho, um nome distante das reportagens de política e de economia, uma frase se destaca: “Será que o mercado não tem pena das pessoas que passam fome? Será que o mercado não tem pena das pessoas que moram na sarjeta no centro de São Paulo, no Rio de Janeiro?”.

O mercado – este ser invisível formado por investidores e empresários inescrupulosos, no entender do presidente – seria uma entidade que não tem sensibilidade e somente está interessado em acumular dinheiro.

Lula precisa entender que a pobreza não interessa a ninguém – muito menos aos empresários. Se o Brasil tivesse uma classe média mais ampla e gerasse mais riquezas, todos sairiam ganhando, especialmente quem conduz negócios por aqui. O mercado brasileiro é significativo, mas nossa economia não consegue se expandir a taxas satisfatórias.

No fundo, isso ocorre porque a educação no Brasil é precária. Com menos educação, a possibilidade de ascensão social da população menos favorecida é prejudicada. O Estado já se mostrou ineficaz em promover um processo educacional de qualidade. Nos últimos tempos, porém, várias iniciativas para melhorar a educação do país partiram do setor privado.

Uma delas é a Inteli, uma faculdade de tecnologia fundada por André Esteves e Roberto Saloutti, do BTG Pactual; outra é o Instituto J & F, da família Batista, controladora da JBS, que já investiu quase meio bilhão de reais no setor e ajudou 89 000 jovens a ter acesso a melhores condições de estudo; temos também a Link, escola de negócios, idealizada por Alvaro Schocair, fundador do fundo Tarpon e da gestora Quebec. A esses três projetos somam-se mais milhares de outras formas de contribuição para a educação que partiram do empresariado.

As empresas privadas ainda investem quase R$ 5 bilhões no Terceiro Setor, quase a mesma quantia que está no orçamento para o Ministério do Desenvolvimento Social. E, durante a pandemia, várias companhias e bancos colocaram verbas à disposição dos carentes. Só o banco Itaú investiu R$ 1 bilhão para combater a Covid-19.

Para a Esquerda, ainda estamos vivendo a época do capitalismo selvagem e o empresário é o inimigo a ser batido. Essa visão, além de antiquada, propõe um confronto entre governo e aqueles que produzem riquezas e pagam impostos. Em vez de brigar com os empresários e acusá-los de insensibilidade social, Lula deveria dar mais condições às empresas de evoluir e prosperar. Os cofres públicos iriam ganhar maior irrigação e teriam melhores condições para financiar programas sociais.

Outra frase, ainda, ganhou destaque na tal entrevista. “Não existe nenhuma explicação econômica para as atuais taxas de juros, acima de 11% ao ano. Não existe nenhuma explicação inflacionária. Não existe nada. A não ser a teimosia do presidente do Banco Central”, afirmou Lula exatamente no dia em que foi divulgada a inflação de fevereiro.

O IPCA daquele mês foi calculado em 0,83%, diante de 0,42% de janeiro e contra uma estimativa de 0,77%. Ou seja, ainda há razões para que a queda de juros seja paulatina, ao contrário do que diz Lula.

No filme “Casablanca”, o chefe da polícia local, Louis Renault, dizia que iria prender os suspeitos de sempre diante de um crime cometido. Lula parece atuar em público da mesma forma. Ataca com frequência os inimigos de sempre: os empresários e os técnicos do Banco Central. Para o bem do Brasil, usando uma expressão tão antiga como o filme estrelado por Humphrey Bogart, está na hora de o presidente mudar o disco.

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Comentários

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  1. No artigo não faz referência às iniciativas do SESI e do SENAI nas áreas de educação formal e formação profissional, custeadas pela iniciativa privada.

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