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Moeda única: uma solução que serve apenas à Argentina

O ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, é conhecido por ser um liberal na economia. E liberais, de maneira geral, não têm ideias heterodoxas ou tentam soluções defendidas pela Esquerda. Mas, nesta semana, em um evento promovido pela XP Investimentos, Macri propôs algo que foge à ortodoxia econômica e foi defendida por integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva: uma moeda única para Brasil e Argentina.

“Temos que avançar para uma unificação monetária com o Brasil”, disse ele. “A moeda única fortaleceria mais a Argentina inicialmente, mas [seria benéfica para] os dois [países] no longo prazo. Se o Mercosul é sério, precisamos ter as mesmas regras e a mesma moeda, como a zona do euro. A unificação monetária comercial faz sentido como o ajuste fiscal”.

Macri não está propondo que acabemos com o real e o peso – e sim utilizar uma única referência monetária no comércio entre os dois países. Hoje, a paridade entre moedas é feita através do dólar. Trata-se exatamente a mesma ideia defendida por assessores do ministro Fernando Haddad. Ou seja, em termos de câmbio regional, Macri e Haddad estão afinados.

Mas a declaração do ex-presidente talvez revele seu descrédito na proposta de dolarização da economia argentina, que foi um dos pilares do programa de governo do recém-empossado Javier Milei (cuja campanha foi apoiada por Macri e pela candidata de seu partido, Patricia Bullrich).

Se o peso for desaparecer e dar lugar a dólar, por que trocaríamos a forma de compensar as moedas da Argentina e do Brasil? Não faria sentido.

Qualquer mudança neste sentido, porém, não deve ser feita no curto prazo. O caos fiscal no qual se encontra o país vizinho provoca uma inflação de 20 % ao mês e uma desvalorização gritante do peso. O próprio Macri vê essa impossibilidade e acredita que seria necessário, antes de mais nada, que a Argentina fizesse um acerto em suas contas públicas.

Essa proposta, revelou Macri, chegou a ser discutida com Paulo Guedes e Jair Bolsonaro em 2019, através do então ministro da Economia, Nicolás Dujovne. E novamente entre o sucessor Alberto Fernández e Lula.

Ou seja, a ideia ultrapassou as barreiras ideológicas dentro do terreno da conversação. Mas dentro do governo Bolsonaro, no entanto, não entusiasmou por conta do enorme déficit do Estado argentino. Mas isso não impediu Lula de patrocinar a ideia dentro do Palácio do Planalto, até porque queria apoiar a candidatura do governista Sergio Massa, derrotado por Milei.

Agora, resta saber se Lula se empenharia tanto para criar uma moeda comum caso uma proposta oficial venha de Javier Milei, que fustigou o presidente brasileiro em seus discursos eleitorais. As relações entre os presidentes ainda estão estremecidas – e devem ficar assim por um bom tempo.

Mas Macri prevê que rapidamente essas diferenças sejam resolvidas, com o novo mandatário argentino criando uma ponte para conversar com Brasília. “Ele é muito pragmático. Aprende rápido”, afirmou. Como na anedota que envolve o jogador Garrincha, o técnico Vicente Feola e a seleção de futebol russa, a questão agora é saber se Milei combinou com Lula como e quando vai fazer as pazes.

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