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Lula é um poeta quando fica calado

O jogador Romário, certa feita, foi criticado por Pelé. Os jornalistas esportivos foram ouvir sua reação, que foi a seguinte: “Calado, Pelé é um poeta”. Pode-se dizer a mesma coisa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, em uma “live”, ele disse o seguinte: “Quando eu vejo essas pessoas acharem que é preciso vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada… Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”.

Na lógica tortuosa de Lula, há pelo menos duas barbaridades.

A primeira é, mais uma vez, exaltar o que seria o pecado da privatização. O cacife-mor do petismo sempre viu no Estado a solução de todos os problemas da Nação. No mundo real, no entanto, o que se observa é exatamente o oposto. O Estado traz burocracia, inépcia e uma estrutura paquidérmica. Para sustentar essa máquina azeitada pela ineficiência criou-se uma carga tributária sufocante para trabalhadores e empresários.

De estatal, Lula entende. Os petistas criaram mais de quarenta empresas governamentais em seus 14 anos de poder. Um sorvedouro de verbas que exauriu o país, além de um desrespeito ao déficit público poucas vezes vistas na história brasileira. Como se não bastasse, os maiores escândalos de corrupção da política nacional eclodiram neste período. Isso nos leva a uma conclusão óbvia: quanto maior for o Estado, maiores serão as possibilidades de assalto ao Erário.

A segunda atrocidade é enxergar algum efeito benéfico na eclosão da pior catástrofe enfrentada pela humanidade desde a gripe espanhola, no início do século 20, que vai matar milhares de pessoas. Repetindo o que Lula afirmou: “ainda bem que a natureza (…) criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem (..) que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”.

O desrespeito à dor gerada pelas mortes diárias apenas para justificar o injustificável é algo que beira a insanidade. No mundo demente de Lula, os fins sempre justificam os meios. Dinheiro a granel é liberado a apenas meia-dúzia de amigos do Rei, mas tudo bem; o propósito é criar um grupo de multinacionais brasileiras. Bilhões de dólares são emprestados a governos de esquerda que não têm a menor condição de honrar esses empréstimos, mas não há problema; isso foi feito para que as empreiteiras brasileiras executem obras no exterior. Uma fortuna é desviada dos cofres da Petrobrás, mas isso nem deveria ser considerado; o butim é uma fração do faturamento da estatal e foi destinado a comprar a base apoio do governo petista no Congresso.

Nessa lógica tortuosa, o coronavírus seria algo benéfico, pois serviria a um propósito maior: sanear a visão liberal sobre a economia e promover a volta do Estado provedor, que resolverá todos os problemas.

Não poderia haver falácia maior.

O dinheiro do Estado até pode ajudar. Mas, como se vê, é escasso e não chega a resolver os problemas. É apenas um paliativo que auxilia apenas uma minoria de empresas e não chega a todos os trabalhadores.

Quem vai sofrer e arregaçar as mangas para sair do atoleiro é a iniciativa privada, jamais o governo. Lula está fadado a ser esquecido pelo grande eleitorado e voltará às origens: será ouvido apenas por sindicalistas, líderes estudantis e próceres da esquerda. Sua grande base, construída com o dinheiro público do Bolsa Família, está minguando. Uma parte, aliás, migra para Jair Bolsonaro, que manteve o benefício e até o expandiu, com o décimo-terceiro. O auxílio de R$ 600 mensais para combater o desemprego gerado pela pandemia também vem sendo bem recebido pelas camadas mais pobres e transferindo eleitores de Lula para Bolsonaro.

Lula sempre foi considerado um político intuitivo. Mas isso, no fundo, talvez seja um erro de avaliação. O ex-presidente só teve sucesso quando reverberou a voz popular e falou aquilo que os outros queriam ouvir. Quando sindicalista, decidia qual seria sua posição depois de consultar as bases e era aclamado pelo público. Na campanha de 2002, percebeu que precisaria do apoio da classe média e da neutralidade dos empresários e lançou a Carta aos Brasileiros. Foi eleito.

Hoje, no ocaso de sua vida política, não ouve ninguém – somente a si mesmo. Tomará o caminho de outros líderes que cometeram o mesmo engano, o de deixar de escutar os outros e ficar acorrentados às ideias de outrora. Essa trilha, inevitável, leva a um só lugar: o esquecimento.

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