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A arte de refletir sobre a vida e deixar a mente ágil

O dramaturgo George Bernard Shaw foi uma figura controversa e contraditória. Socialista, foi um dos fundadores da London Scholl of Economics. Membro da sociedade fabiana, que pregava um socialismo não-marxista, casou-se com uma rica herdeira irlandesa. Mas Shaw não é o foco deste artigo – e sim uma frase sua. Ele disse em certa ocasião: “Poucas pessoas pensam mais do que duas ou três vezes por ano; Eu fiz uma reputação internacional para mim mesmo pensando uma ou duas vezes por semana”.

Topei com essa frase após reler a peça “Pigmaleão”, que inspirou o filme “Minha Bela Dama” (“My Fair Lady”), com Audrey Hepburn e Rex Harrison. Fui ler a biografia do autor e topei com essa reflexão (ele tem pelos menos vinte outras frases muito boas que podem ser discutidas; mas vamos deixar isso para outra ocasião), que ganhou mais importância com o passar do tempo e o aparecimento de uma cultura que apregoa a instantaneidade onipresente e a rapidez congênita.

Dessa forma, vale a pergunta: qual foi a última vez que você parou tudo e pensou sobre alguma coisa em particular?

Frequentemente somos passageiros e não motoristas em nosso dia a dia. Dificilmente conduzimos integralmente nossas agendas e acabamos sendo tragados pelo caos diário que é a vida, turbinada pela ubiquidade gerada pelas redes sociais.

Antes, quando esperávamos na antessala de alguém, ficávamos em silêncio e, neste processo, nossa mente começava a divagar sobre assuntos aleatórios. Hoje, no entanto, isso dificilmente ocorre. Primeiro, porque a sala de espera geralmente tem uma televisão ligada em um canal de notícias. Mas, mesmo que não tenha um aparelho de TV por perto, haverá um smartphone. E, com ele, um mundo de alternativas de conteúdo, de joguinhos a jornais, que se abre para qualquer usuário.

Esse entretenimento portátil acaba interferindo em nossa capacidade de matutar sobre as coisas. Cada vez menos pensamos nos fatos da vida ou refletimos sobre certos acontecimentos de nosso cotidiano. É como se, antes dos smartphones, estivéssemos encarando nossa vida como um filme de Ingmar Bergman ou Woddy Allen – sempre pensando sobre o enredo ou sobre o desfecho da película. Porém, depois que entramos na rotina digital, somos como uma plateia de uma produção da Marvel, experimentando um roteiro prazeroso, com cenas rápidas e feitas para gerar pouca reflexão.

Ocorre que a vida fica bastante sem graça quando não pensamos e fazemos tudo na base do piloto automático.

Avaliar o nosso dia a dia, mesmo que seja – como disse Shaw – duas vezes por semana, nos coloca e outro patamar, o de quem não se sente refém dos acontecimentos e busca aprender com a vida, seus erros e acertos. A reflexão constante nos leva à evolução de ideias e de conceitos – é um excelente remédio contra a velhice. Pois, como disse o mesmo Shaw, “quem não consegue mudar de ideia não consegue mudar nada”.

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Comentários

Uma resposta

  1. Sim, entre nós, ainda existe o conceito da importância de se pensar, refletir, mas o que me preocupa é a geração que veio depois de nós, parece ter medo de pensar. Dificuldade mesmo de refletir, vão na onda, fazem muito, e muitas coisas ao mesmo tempo, mas quando é para pensar sobre a própria vida, vem a aflição, a preguiça, a ansiedade demasiada, então a dor, e preferem continuar surfando na onda…. temo muito que se transformem em adultos tristes, não satisfeitos, simplesmente porque lá atrás tiveram dificuldade de parar para pensar na própria vida….

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