Boletim de MR sobre medicina, pesquisa, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Gás lacrimogêneo é muito pior que cassetete
Especialistas entrevistados pela ProPublica, redação sem fins lucrativos que investiga abusos de poder, afirmam que o gás lacrimogêneo não é seguro, mesmo sendo utilizando frequentemente por forças policiais para dispersar manifestantes e grandes quantidades de pessoas. Foi descoberto que ele causa consequências a longo prazo para a saúde e pode ferir pessoas que não são os alvos pretendidos, incluindo aquelas que estao dentro da própria casa. Gás lacrimogêneo é o termo genérico para uma classe de compostos que causam sensação de queimação. A maioria das agências policiais nos EUA, incluindo o Departamento de Polícia da Filadélfia, usa o produto químico chamado CS, abreviação de 2-clorobenzalmalononitrila. O CS ativa um receptor específico de dor, que também é acionado pela ingestão de wasabi, explicou Sven-Eric Jordt, professor de anestesiologia na Universidade Duke. “Mas o CS é muito mais poderoso, até 100 mil vezes mais forte do que a ardência do wasabi”, afirmou.
ELA pode afetar mais quem usa remédios psiquiátricos
O uso de medicamentos psiquiátricos tem crescido em todo o mundo. Se por um lado há um aumento nos diagnósticos, por outro há também uma banalização do emprego dessas drogas. Agora, um estudo acende um alerta: esses usuários podem estar sob um maior risco de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Apesar do anúncio, não há motivos para alarme. O risco de desenvolver essa doença neurodegenerativa ainda é muito baixo e o estudo não foi capaz de dizer se a ELA está sendo causada pelo uso de medicamentos. Na verdade, o contrário também é uma opção a ser investigada: pode ser que os sintomas que ocorreram ao uso dos remédios psiquiátricos sejam os primeiros sinais da doença neurodegenerativa. “A associação não necessariamente significa causalidade, mas o estudo pode acender um alerta para os profissionais de saúde”, diz Diogo Haddad , chefe do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Se os pacientes estão em uso de medicamentos psiquiátricos e apresentam algum sintoma neuromuscular, isso pode ser sinal do início de uma doença neurológica.”
Bafômetro de metanol pode salvar milhares das bebidas ilegais
Pesquisadores australianos desenvolveram um protótipo de bafômetro de metanol capaz de detectar pequenas concentrações da substância tóxica em bebidas alcoólicas ou no hálito de alguém. O envenenamento por metanol é um problema que afeta milhares de pessoas todos os anos, matando de 20% a 40% das vítimas, segundo a Médicos Sem Fronteiras. Em novembro, as mochileiras australianas Holly Bowles e Bianca Jones, junto com a advogada britânica Simone White, estavam entre os seis turistas que morreram em um suposto envenenamento em massa por metanol no Laos. O metanol, um álcool industrial, tem aparência e cheiro semelhantes aos do álcool comum encontrado em cerveja, vinho e destilados. Mas, quando encontrado em bebidas alcoólicas – geralmente como resultado da produção ilegal de álcool – o metanol pode ser mortal. O consumo, mesmo em pequenas quantidades, pode levar à cegueira, convulsões e morte.
O que MR publicou
- Com mais de 26 milhões de itens vendidos, Cimed lidera ranking de consumo
- Mounjaro é aprovado no Brasil para tratar obesidade
- Riscos psicossociais no trabalho: empresas têm até 2026 para agir
Uma em cada três pacientes com câncer de mama tem menos de 50 anos

Dados do Painel Oncologia Brasil, analisados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), indicam que mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com câncer de mama no Brasil no período entre 2018 e 2023 – uma média de uma em três mulheres diagnosticadas com a doença. Para a entidade, os números reforçam a importância de ampliar o rastreamento do câncer de mama por meio da realização de mamografia em mulheres abaixo dos 50 anos e acima dos 70 anos, faixas etárias que não estão incluídas na recomendação padrão de exames preventivos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento mostra que, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2023, o Brasil registrou mais de 319 mil diagnósticos de câncer de mama, sendo 157,4 mil em mulheres de 50 a 69 anos, faixa etária atualmente recomendada para o rastreamento.
Fiocruz, Institut Pasteur e Sanofi vão produzir vacina injetável da pólio

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Institut Pasteur e a empresa farmacêutica Sanofi assinaram, durante a recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à França, um acordo para aumentar a cooperação científica e técnica em prol de avanços na produção de vacinas. A parceria deve prevê a combinação e o intercâmbio de conhecimentos, recursos e cientistas entre as instituições. Os três institutos já são parceiros em projetos de imunização, como na transferência de tecnologia da vacina injetável da polimielite da Sanofi para a Fiocruz e na participação da fundação brasileira como um dos 30 membros da Rede Pasteur, um grupo de institutos engajados desafios globais da saúde pública, como o acesso a vacinas.
Aos 90 anos, AA têm maior participação feminina
Dados dos Alcoólicos Anônimos (AA) divulgados nesta semana mostram que a quntidade de reuniões de composição feminina aumentou 44,7%, comparando o período pré e pós-pandemia. Hoje, são cerca de 65 reuniões de composição feminina, presencial e online, com participação de mulheres de todo o país. A Irmandade do AA foi criada nos Estados Unidos no ano de 1935. Para participar das reuniões, não há custos. A ideia é que as pessoas nos grupos compartilhem suas experiências para ajudar uns aos outros a se recuperar do alcoolismo.
Saúde anuncia 3 mil bolsas de residência e 500 vagas para especialista
O Ministério da Saúde anunciou nesta semana 3,5 mil bolsas no intuito de ampliar a quantidade de médicos especialistas, com foco em regiões desassistidas. Do total de vagas, 3 mil visam fomentar a formação de residentes especialistas e 500 são para provimento imediato de médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS). Em nota, a pasta informou que os 500 profissionais serão selecionados em edital do Mais Médicos Especialistas, com bolsas no valor de até R$ 10 mil por mês para uma carga de 20 horas semanais. A atuação será focada na prática em áreas prioritárias para a rede pública de saúde e a previsão é que as atividades comecem em setembro. Já as 3 mil bolsas de residência médica serão destinadas a profissionais que buscam qualificação. Neste caso, a formação segue o cronograma da Comissão Nacional de Residência Médica, com a avaliação dos programas e o início das atividades previstos para março de 2026.