Boletim de MR sobre medicina, pesquisa, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Sensor pode monitorar trabalho mental em empregos de alto risco
Cientistas dizem ter criado um dispositivo para monitorar o esforço: uma tatuagem eletrônica, colada na testa. Eles dizem que o dispositivo pode ser valioso entre pilotos, profissionais de saúde e outras profissões nas quais o gerenciamento da carga de trabalho mental é crucial para prevenir catástrofes. A “e-tattoo” é um dispositivo leve, flexível e sem fio. O caminho preto e sinuoso da e-tattoo é composto de um material condutor à base de grafite e é fixado na testa usando uma película adesiva condutora. Quatro eletrodos quadrados de EEG, posicionados na testa, detectam cada um uma região diferente da atividade cerebral – com um eletrodo de referência atrás da orelha – enquanto eletrodos retangulares de EOG, posicionados vertical e horizontalmente ao redor dos olhos, fornecem dados sobre os movimentos oculares. A e-tattoo, que é personalizada e descartável, é conectada a um circuito impresso flexível reutilizável usando fita condutora, enquanto uma bateria leve pode ser presa ao dispositivo.
Vem aí o chip com vasos sanguíneos naturais
Como podemos investigar os efeitos de um novo medicamento? Na pesquisa biomédica, os chamados órgãos em um chip, também conhecidos como sistemas microfisiológicos, estão se tornando cada vez mais importantes: ao cultivar estruturas de tecidos em chips microfluídicos precisamente controlados, é possível conduzir pesquisas com muito mais precisão do que em experimentos envolvendo humanos ou animais vivos. No entanto, havia um grande obstáculo: esses mini-órgãos são incompletos sem vasos sanguíneos. Para facilitar estudos sistemáticos e garantir comparações significativas com organismos vivos, é necessário criar uma rede de vasos sanguíneos e capilares perfusíveis — de forma precisamente controlável e reproduzível. É exatamente isso que foi alcançado na TU Wien: a equipe desenvolveu um método usando pulsos de laser ultracurtos para criar pequenos vasos sanguíneos de forma rápida e reproduzível. Experimentos mostram que esses vasos se comportam exatamente como os de tecidos vivos. Lóbulos do fígado foram criados em um chip com grande sucesso.
Analgésico experimental pode substituir opioides

Um estudo da Universidade Duke mostra que um analgésico não opioide bloqueia a dor na fonte, acalmando sinais nervosos específicos que enviam mensagens de dor ao cérebro. Em camundongos, o composto SBI-810 aliviou a dor de cirurgias, fraturas ósseas e lesões nervosas sem causar sedação ou constipação. Um medicamento experimental pode oferecer um poderoso alívio da dor sem os perigosos efeitos colaterais dos opioides. O medicamento, chamado SBI-810, faz parte de uma nova geração de compostos projetados para atingir um receptor nos nervos e na medula espinhal. Enquanto os opioides inundam múltiplas vias celulares indiscriminadamente, o SBI-810, um tratamento sem opioides, adota uma abordagem mais focada, ativando apenas uma via específica de alívio da dor, evitando a sensação de euforia associada ao vício.
Nordeste ganha novo centro oncológico
O Hospital Help, localizado em Campina Grande (PB), foi habilitado como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) e se tornou o primeiro da cidade com atendimento especializado para adultos e crianças. Com essa conquista, o hospital passa a integrar, ao lado do Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, o seleto grupo de Cacons do estado. A iniciativa amplia o acesso da população a tratamentos oncológicos de alta complexidade, com foco na humanização e na excelência médica.
O que MR publicou
SUS tratará dermatite atópica de forma integral

Três portarias publicadas nesta semana ampliam o tratamento para dermatite atópica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os documentos oficializam a incorporação, na rede pública, de duas pomadas para a pele – tacrolimo e furoato de mometasona – além de um medicamento oral para o tratamento da doença – o metotrexato. O Ministério da Saúde destacou que o tacrolimo tópico e o furoato de mometasona poderão ser usados para tratar pessoas que não podem usar corticoides ou que tenham resistência aos tratamentos até então disponíveis. Segundo a pasta, o metotrexato será indicado nos casos de dermatite atópica grave, sobretudo entre pacientes que não podem usar a ciclosporina, medicamento já disponibilizado na rede pública.
Labirintite: quais os sintomas do mal que acometeu Lula

Após sentir-se mal no início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi diagnosticado com labirintite. O principal sintoma do presidente foi vertigem, quando há a sensação de que as coisas ao redor estão rodando ou mesmo que o próprio corpo está rodando ou balançando. Popularmente, vertigem e tontura são termos usados como sinônimos. Na medicina, entretanto, é preciso um pouco mais de cautela. De acordo com a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, médicos de diversas especialidades atendem casos de tontura, enquanto o otorrinolaringologista é indicado para tratar doenças do labirinto. A causa mais comum de doenças do labirinto, segundo a associação, é a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), que acontece quando pequenos cristais localizados dentro do labirinto, órgão onde circula um líquido, se soltam e ficam se movendo livremente.
Cada R$ 1 de lucro em tabaco gera R$ 5 em gastos com saúde

Para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Brasil gasta R$ 5 com doenças causadas pelo fumo. Os dados fazem parte do estudo A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta, divulgado nesta semana pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pelo Ministério da Saúde. O documento mostra que cada R$ 156 mil de lucro de empresas de tabaco estabelecidas no Brasil com a venda de cigarros legais foi equivalente a uma morte por doenças cardíacas isquêmicas, acidente vascular cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou câncer de pulmão atribuível ao tabagismo. O custo direto médio e o custo total médio (direto e indireto) equivalentes a uma morte pelas doenças selecionadas foram estimados em R$ 361 mil e R$ 796 mil, respectivamente. Outro dado do Inca, não relacionado ao estudo, aponta que o Brasil gasta R$ 153,5 bilhões por ano com os danos provocados pelo tabagismo, somando custos com tratamento médico e perdas econômicas por morte prematura, incapacidades e cuidados informais. O valor equivale a 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.