Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – Sob o risco de ver diminuir sua bancada federal, o PT definiu como prioridade o investimento na tentativa de eleger deputados federais, ficando esta meta atrás apenas da candidatura presidencial.
Com o dinheiro mais curto depois da proibição das doações empresariais, os partidos estão calculando real a real quem irá receber mais verbas e mais investimento. O PT tem hoje, de acordo com o deputado Carlos Zarattini (SP), 200 milhões do fundo eleitoral e mais 110 milhões do fundo partidário.
Desses recursos, um máximo de 70 milhões irá para a campanha presidencial. “Creio que menos porque planejamos conseguir doações de pessoas físicas para o presidente”, disse o parlamentar.
O resto do dinheiro precisa ser usado para eleger deputados, senadores, governadores e deputados estaduais.
Zarattini afirmou que a meta do partido é aumentar a bancada. Hoje, o PT tem a maior bancada individual da Câmara, com 58 deputados. Está acima do MDB, que hoje tem 54, e perde apenas para o bloco de centro formado por PP, Podemos, Avante e PEN.
Internamente, petistas admitem que o risco maior é do partido perder um bom pedaço dessa bancada, o que implicaria em perdas financeiras e em tempo de tevê para futuras eleições. A atual regra partidária distribui os fundos de acordo com a bancada que o partido tem no momento da eleição.
“Se ganharmos a eleição, vamos precisar de uma bancada expressiva para depender menos de alianças e acordos. Se perdermos, corremos o risco de diminuir o espaço que temos no Parlamento. Precisamos manter uma bancada forte, é uma questão de sobrevivência do partido”, disse à Reuters um parlamentar sob condição de anonimato.
Zarattini usa o discurso otimista. Afirma que o PT vai ganhar a eleição –“com o presidente Lula ou alguém indicado por ele”– porque o governo atual está dividido e por isso o partido precisa garantir uma bancada forte.
“Sabemos os limites de ter uma grande bancada, mas queremos eleger uma maior que a atual. Pela legislação, o tempo de tevê, a verba partidária, tem relação com o tamanho da bancada e o número de votos”, disse Zarattini.
O deputado diz que não é possível calcular atualmente de quanto seria esse crescimento, mas uma meta que tem sido falada no partido é de voltar aos 70 eleitos em 2014.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem incentivado o partido a se concentrar em eleger uma boa bancada na Câmara. Em um evento na fundação Perseu Abramo, no ano passado, o ex-presidente defendeu que o partido gaste menos energia com candidatos a governos estaduais e se concentre em fortalecer as bancadas parlamentares.
“O partido tem que decidir se a pessoa merece ser candidata do partido. Nessas eleições a gente vai ter que pensar. Tem Estado que a gente vai ter candidato a governador, mas tem Estado que é melhor a gente nem ter. É melhor ter candidato a deputado, a senador”, disse Lula na ocasião.
Ainda assim, o PT deve ter, segundo Zarattini, 15 candidatos a governador, mesmo que na distribuição de verbas essas candidaturas estejam em quarto lugar na lista de prioridades.
“Não adianta, somos um partido grande. Não é que nem o PR, o PP, que só querem disputar deputado”, disse, explicando que o partido ainda está tentando encontrar uma forma de distribuir o dinheiro das verbas eleitorais.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)