Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quinta-feira que uma pausa no processo de flexibilização monetária parece ser necessária após a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio, para a qual vê espaço para mais um corte na Selic.
Isso porque, indicou, as projeções de inflação para 2019 e 2020 estão adequadas, basicamente no centro da meta oficial, o que tira a necessidade de mais estímulos. Hoje, a alta de preços tem corrido abaixo do objetivo.
“Uma pausa (na queda de juros) parece necessária”, disse ele a jornalistas ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação divulgado pela manhã.
No último dia 21, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, ao menor patamar histórico de 6,5 por cento ao ano, e indicou que deve reduzir os juros básicos mais uma vez em maio antes de encerrar o ciclo de distensão, mensagem repetida no relatório e que pegou de surpresa boa parte dos agentes econômicos na semana passada, já que haviam se posicionado para o fim do ciclo de afrouxamento monetário agora.
Após maio, a próxima reunião do Copom é em junho. E o presidente do BC lembrou que, à essa altura, as decisões sobre os juros já não afetarão mais tanto 2018, mas sim 2019, que embute estimativas de inflação na meta.
No relatório, o BC manteve sua projeção para alta do IPCA em 3,8 por cento para 2018 e 4,1 por cento para 2019. Já para 2020, a estimativa passou a 4,0, sobre expectativa anterior de 4,1 por cento indicada em dezembro.
As metas oficiais de inflação são de 4,5 por cento este ano, 4,25 por cento em 2019 e 4,0 por cento em 2020, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
“Para 2018, nós consideramos que havia a necessidade de garantir um pouco essa ida para 3,8 (por cento), talvez um pouco mais, com uma queda adicional de juros”, completou ele.
Em 12 meses, o IPCA acumulava alta de 2,84 por cento em fevereiro, menor leitura para o período desde 1999 (2,24 por cento).
Ilan reforçou em mais de um momento que a política monetária tem que reagir para assegurar que a inflação convirja para a meta numa velocidade adequada e ao mesmo tempo garantir que a conquista da inflação baixa perdure. E descartou qualquer mudança nas metas de inflação hoje estabelecidas para adequá-las à trajetória vigente do IPCA.
“Nós temos sido contra mudar a meta”, disse.
O presidente do BC também disse que, no cenário construído pela autoridade monetária, está incluída a continuidade das reformas, como a da Previdência.
Ilan afirmou que as políticas monetária e econômica não mudam com a provável saída do chefe da equipe econômica, Henrique Meirelles, do comando do Ministério da Fazenda. Meirelles disse que definirá até o início da próxima semana se deixará o cargo para concorrer à Presidência da República.
Em meio ao ambiente de mudanças na Esplanada dos Ministérios, Ilan afirmou ainda que fica à frente do BC até o fim do governo do presidente Michel Temer este ano.