RIO DE JANEIRO (Reuters) – As investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela apontam como hipótese mais provável a ligação de milicianos com o crime, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.
“As investigações avançam e eles (investigadores), partindo de uma grande quantidade de hipóteses, tem afunilado, e uma das possibilidades que tem crescido é que tenha sido um crime ligado a milícias”, disse Jungmann a jornalistas, após um encontro com o general Richard Nunes, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
No sábado, o primeiro mês da morte da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes, baleados dentro de um carro, foi lembrado com atos, manifestações e caminhadas no Rio de Janeiro e em outras cidades do país.
Jungmann afirmou que a morte da vereadora pode ser tratado como um caso “raro”, uma vez que ela não sofreu ameaças antes de ser assassinada.
“Não se identificou até aqui nenhum testemunho de ameaças e isso deixa as investigações praticamente no âmbito da materialidade, ou seja, de identificar a cápsula, de identificar impressões digitais e assim por diante. São provas mais materiais do que testemunhais”, declarou o ministro.
Cerca de 10 vereadores que tiveram contato mais próximo com Marielle na Câmara Municipal do Rio já foram ouvidos na condição de testemunhas, e um encontro entre representantes da polícia do Rio e a família da parlamentar assassinada está previsto para esta segunda-feira para atualizar o nível das investigações.
“Há um ânimo do general e da equipe de que estão avançando nesse trabalho de investigação, para que em breve possamos ter a elucidação dessa tragédia”, disse Jungmann.
Os grupos de milicianos têm avançado nos últimos anos no Estado do Rio de Janeiro e estima-se que só na região metropolitana cerca de 2 milhões de pessoas vivem em áreas controladas por milicianos.
Ao todo, 8 equipes trabalham na investigação que conta com apoio da Polícia Federal e de peritos especializados na análise de fragmentos de bala, cápsulas e impressões digitais.
“Ainda que as cápsulas não estejam em sua totalidade, acredito que há pontos suficientes que permitem fazer uma identificação e aproxime de quem vem a ser (o autor do crime)”, finalizou.
(Por Rodrigo Viga Gaier)