O “comportamento errático” do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez com que ele perdesse o acesso aos relatórios de inteligência sigilosos. A crítica e a decisão são de seu sucessor na Casa Branca, Joe Biden, quebrando a tradição. Por cortesia de quem está no cargo, ex-presidentes americanos costumam ser informados sobre assuntos de segurança.
A questão surgiu quando Biden foi questionado pela emissora CBS se Trump também teria essa regalia. A resposta foi: “Acho que não”. Biden deixou transparecer que Trump não é visto como confiável. “Só acho que não há necessidade de ele ter os briefings de inteligência. De que vale dar a ele um briefing de inteligência? Que impacto ele teria, a não ser o fato de que pode cometer um deslize e contar alguma coisa?”, disse o presidente na sexta-feira (5), em sua primeira entrevista coletiva.
A relação de Trump com o serviços de inteligência nunca foi boa.
Em maio de 2017, ele teria compartilhado informações confidenciais em uma reunião com o ministro do Exterior da Rússia e o embaixador russo sobre uma operação contra o grupo extremista “Estado Islâmico” (EI). A partir daí a relação com a comunidade de inteligência americana se deteriorou. Trump fez trocas seguidas no comando dos serviços e questionou relatórios que apontaram que a Rússia interferiu nas eleições de 2016 nos Estados Unidos. As posteriores alegações de fraude eleitoral – jamais comprovadas – terminaram de lhe tirar a credibilidade.
Agora o ex-presidente responde um segundo processo e pode perder os direitos políticos por decisão do Senado. Em 6 de janeiro, ainda no poder, ele insuflou seus apoiadores a marcharem até o Congresso para impedir a confirmação a vitória de Biden nas eleições. O episódio terminou com cinco mortos.