Li hoje pela manhã um artigo publicado em jornal paulistano que afirma ter sido a eleição de Arthur Lira uma vitória de Pirro para o presidente Jair Bolsonaro. À tarde, assisti um vídeo de uma comentarista que prevê o novo presidente da Câmara como um possível algoz do Planalto.
No caso do artigo, a aposta é a de que o Centrão vai aumentar sistematicamente o preço de seu apoio, até que o governo não aguentará e a aliança seria rompida. O resultado deste rompimento seria um pedido de impeachment. Uma conclusão semelhante é decretada pela autora do vídeo assistido à tarde.
De fato, o Centrão irá aumentar paulatinamente seu preço, ambicionando cada vez mais verbas e cargos (fiz exatamente esse comentário às 7:00, quando publiquei minha coluna diária). Mas daí a achar que existe um script definido que leva necessariamente ao impedimento do presidente é flagrante exagero.
Política é imprevisível e lida com fatores improváveis, como a vaidade humana, mas Centrão e Planalto precisariam exercer muito as respectivas burrices para dar fim à galinha dos ovos de ouro, especialmente no curto prazo. Formado por políticos experientes, o bloco de apoio ao presidente parece estar em sintonia com Bolsonaro, de olho na recompensa que vem das verbas públicas. Esse grupo tem anos de janela em receber recompensas de tudo o que é lado. Iria jogar tudo isso fora por ambições desmedidas ou exigências descabidas? Dificilmente.
Arthur Lira e Jair Bolsonaro seriam ineptos a esse ponto? O bom senso diz que não. De qualquer forma, vamos esperar. Quem sabe esses dois articulistas conseguiram bolas de cristal e têm informações privilegiadas…
