Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve ter forte base de apoio na Casa, com indicado do PL na presidência
Nesta quarta-feira (15), a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) dá posse aos 94 deputados estaduais eleitos e diplomados nas eleições de 2022. A cerimônia que marca abertura da 20ª legislatura será no Plenário Juscelino Kubistchek, às 15h. Dos 94 eleitos, 32 vão assumir pela primeira vez uma cadeira na Alesp e sete, que já cumpriram mandato em legislaturas anteriores, estão voltando à Casa. A expectativa é que, com a nova composição do parlamento paulista, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tenha facilidade para aprovar projetos. Ele conta com o tráfego de André do Prado (PL) nos trabalhos da Casa para angariar apoio de diferente alas ideológicas.
“Tarcísio deve encontrar uma assembleia na qual não terá dificuldade de fazer composições políticas. É uma assembleia legislativa cuja composição e perfil político-partidário são mais de centro-direita e, quando não, de direita”, afirmou o cientista político Bruno Silva, diretor de Projetos do Movimento Voto Consciente.
“É uma Alesp em que ele [governador] vai ter uma base até bastante consistente. Ele é um político novo em São Paulo, um quadro desconhecido, mas pode ter apoio de 65 a 70 deputados. Pelo menos a expectativa é de uma base que contribua para que ele tenha governabilidade”, opinou a cientista política Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Com isso, Tarcísio não deverá encontrar obstáculos para aprovar projetos que defendeu durante campanha, como a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “Nos projetos de privatização que estão aí em pauta, como a privatização da Sabesp e de outras empresas, é possível que ele tenha facilidade, ou que pelo menos tenha um bom número de deputados apoiando essas pautas”, comentou Maria do Socorro.
Depois de uma legislatura marcada pela violência de gênero e pelo caso de assédio a Isa Penna (PCdoB), a Alesp terá um recorde de mulheres – serão 25 deputadas (26,6% da Casa). Em 2018, 18 foram eleitas. A nova legislatura também tem o maior número de negros e pardos eleitos desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a coletar dados de autodeclaração étnico-racial: foram 7 em 2014, 10 em 2018 e 18 em 2022.
Perfil
Embora se espere a manutenção do perfil governista, a nova Assembleia Legislativa tem pelo menos uma diferença em relação às últimas legislaturas: a perda de força do PSDB. Após quase 30 anos no poder em São Paulo, e quase o mesmo tempo na presidência da Alesp, o PSDB perdeu quatro cadeiras nas últimas eleições.
De partido com a maior bancada, o PSDB ocupará agora o terceiro lugar entre os de maior representação na Alesp, com nove deputados eleitos. “O principal ponto em que a atual Alesp difere da anterior é que o PSDB saiu muito enfraquecido das eleições, como um todo, e perdeu, não só cadeiras na Alesp, como [também] parte do controle de aspectos políticos importantes dentro do Poder Legislativo”, afirmou o cientista político.
A maior bancada agora será a do PL, que elegeu 19 deputados, entre os quais, André do Prado, o mais cotado para assumir a presidência da Casa. “É uma troca da guarda, um revezamento de forças. O PSDB ainda tem força em São Paulo, mas cada vez menos expressiva. E, em nível nacional, o partido também saiu enfraquecido das eleições. Com o PL assumindo, existe ali uma certa continuidade, eu diria, porque o PSDB foi cada vez mais, ao longo dos anos, saindo do centro e indo mais para a direita. O PL, por sua vez, está crescendo. É um crescimento que vem de 2018 para cá, [com o partido] tentando assumir cada vez mais esse espaço do PSDB”, ressaltou Maria do Socorro.
PSDB e PL devem, juntos, compor a base governista. Aos dois partidos, se somará o Republicanos, que terá oito cadeiras. A base governista deverá ainda com o União Brasil, que tem oito cadeiras; o PSD, o MDB e o Podemos, com dois deputados, cada um; o Progressistas, que elegeu três; o Cidadania e o Partido Social Cristão, com dois. É possível que o o Partido Novo, que elegeu um representante, também integre a base.
Já a oposição será formada pelo PT, que elegeu 18 deputados e tem a segunda maior bancada na Casa. O PT teve o deputado estadual mais votado em 2022 em São Paulo, Eduardo Suplicy, com 807.015 votos. O bloco oposicionista terá ainda o PSOL, com cinco representantes, e o PCdoB, que elegeu a deputada Leci Brandão. A Alesp contará ainda com representantes da Rede Sustentabilidade, que reelegeu Marina Helou; do PDT e do Solidariedade, com um deputado cada; e PSB, que elegeu três.
Mesa Diretora
A composição da Mesa Diretora deve abrigar os seguintes partidos: Podemos (3ª Secretaria), PSD (4ª Secretaria), Republicanos (1ª Vice-Presidência), União Brasil (2ª Vice-Presidência), MDB (3ª Vice-Presidência) e novamente o PL (4ª Vice-Presidência). Dessa maneira, o PSOL, que quer lançar a candidatura de Carlos Giannazi para se opor a Do Prado, ficou isolado e deve contar apenas com os votos da sua bancada.