Jair Bolsonaro disse que quer “partir para o liberalismo”, inspirado pelo economista Paulo Guedes, e ter pelo menos um terço dos ministros vindos das Forças Armadas. É possível misturar liberalismo e militares?
No Brasil, isso nunca aconteceu. Um dos ídolos de Bolsonaro, o general Ernesto Geisel, moldou seu governo à cartilha estatizante. No Chile, contudo, o general Augusto Pinochet impôs o liberalismo econômico, que dura até hoje no país. Portanto, em tese, isso é possível.
Assim, o papel de Guedes é o mesmo que o da “carta aos brasileiros”, dirigida aos cidadãos na época da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele texto, Lula tentava tranquilizar empresários e banqueiros, garantindo que iria manter a fórmula do Plano Real na condução da economia – e, de fato, o fez. Dilma Rousseff, no entanto, quase levou o país ao buraco ao ignorar os limites aos gastos públicos.
Guedes é o fiador de que Bolsonaro não aumentará o Estado ou controlará ainda mais a economia. É difícil acreditar que uma pessoa com a personalidade do ex-capitão vá de fato deixar decisões importantes para a nação na mão de outras pessoas. Mas, como Bolsonaro ainda não é presidente da República, essa ainda é uma divagação que só existe no plano das ideias.