Esqueçam a China. Trump comete um erro crasso ao gastar capital político com a pauta secundária das tarifas comerciais
O problema central dos EUA não está no atual arranjo do comércio internacional, mas sim na falta de poupança privada. Segundo dados do Banco Mundial, a taxa de poupança em proporção do PIB é menor que 20%, enquanto países do Leste Asiático poupam mais de 40%. E este problema tem duas causas, ambas ligadas ao estado: (1) a contínua impressão de moeda pelo Federal Reserve; e (2) o desequilíbrio fiscal dos EUA.
Em um país no qual o governo incorre em consecutivos déficits fiscais, há uma drenagem de recursos do setor privado para gastos do governo. Parte do que os indivíduos poupam, em vez de permanecer em sua propriedade e ser investido com foco no longo prazo, é extorquido através de impostos, que são majoritariamente gastos pelo governo em políticas de baixa produtividade e que distorcem o processo social e econômico.
Não só isso, as práticas distributivas distorcem os incentivos econômicos, estimulando um tipo de comportamento parasitário em vez de um comportamento voltado ao mercado.
Além disso, a contínua emissão monetária tornou os EUA um país “viciado” a estímulos do governo e ao uso de nova moeda por parte dos bancos.
Essa injeção massiva de crédito faz com que o crédito se torne artificialmente mais barato, e que as pessoas tenham um maior estímulo ao consumo e menor propensão a poupar.
As práticas monetárias geram sinais errados para os indivíduos, que tomam decisões orientadas para o curto prazo, impactando o desenvolvimento da economia.
Queimar capital político em tarifas comerciais é contraproducente, já que o âmago do problema americano está ligado ao gigantismo estatal e às distorções que o estado gera na economia.
Se Trump quer Fazer a América Grande Outra Vez, seu foco deve ser em reduzir o tamanho e o escopo do governo e livrar o americano de arcar com os pesados déficits públicos e com a contínua expansão monetária.
Trump deve lutar para cortar gastos, eliminar o máximo possível de instituições como o Departamento de Educação, reduzir gastos militares, acabar com políticas assistencialistas como Medicare e Medicaid e, principalmente, acabar com o Banco Central, o coração do Leviatã e o grande inimigo da humanidade contemporânea.
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Por Artur Ceolin
Publicado originalmente em: https://encurtador.com.br/yHAkX