Episódios de violência policial no Brasil, mais especificamente no estado de São Paulo, têm se tornado corriqueiros. Além de injustificáveis e criminosos, esses casos ganham evidência nas redes sociais e remetem à discussão sobre o uso de câmeras corporais e os procedimentos da Polícia Militar em abordagens. O episódio mais recente ocorreu no último domingo (8), em São Vicente, no Litoral Paulista, quando um homem de 24 anos foi morto a tiros PM na favela do Dique do Sambaiatuba. Vinicius Fidelis dos Santos de Brito foi levado para o pronto-socorro central da cidade, mas chegou sem vida.
Ele foi alvo de disparos de fuzil calibre 5,56mm e de pistola .40, armamentos padrões da PM-SP. Pelo menos cinco agentes estão envolvidos na ocorrência. Os agentes afirmam que Vinicius teria atirado contra a equipe e que outros quatro suspeitos teriam fugido. Uma testemunha registrou em vídeo o momento em que um policial impede Rosemeire Aparecida, mãe de Vinicius, de se aproximar do filho, que estaria em uma casa. Não fica claro se no momento ele já estaria morto:
“Pelo amor de Deus, deixa eu entrar. Eu sou a mãe dele, deixa eu entrar. Que que é isso? Estão matando meu filho”, afirmava a mulher, enquanto um policial pede para que ela entre em um portão do outro lado da viela. MONEY REPORT escolheu como Imagem da Semana o registro de mais uma mãe, dentre milhares de outras que carregam o peso de ver um filho morto pela PM.
Vinicius Fidelis dos Santos de Brito tinha passagem pela polícia, publicava fotos com armas nas redes sociais, era usuário de drogas e, no momento da abordagem, segundo sua mãe, estaria desarmado e sobre efeito de K2, droga sintética que afeta a coordenação motora e retarda reflexos. “Como é que ele poderia reagir contra a polícia?”, questionou a mãe de Vinicius.
De acordo com o BO, moradores da comunidade se revoltaram e jogaram pedras e garrafas na direção dos policiais, que revidaram com “munição química” – também não especificada – para dispersar a multidão. Segundo o registro policial, o local do confronto ficou prejudicado para a realização de exames periciais, uma vez que não oferecia condições de segurança para as autoridades. Na delegacia, os agentes passaram por exame residuográfico na delegacia para identificar resíduos produzidos por disparo de arma de fogo.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a Polícia Civil investiga todas as circunstâncias da morte. Foram apreendidas uma arma e porções de drogas, além das armas dos policiais.
Promotores da Justiça
Apesar das críticas recentes, o secretário estadual Guilherme Derrite não recua em sua postura e mantém o tom de exaltação à PM, dando a entender que deve permanecer no cargo mesmo após os sucessivos casos de abuso e mortes suspeitas. Na formatura na Academia Militar do Barro Branco, na zona norte de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (13/12), Derrite afirmou: “Infelizmente, uma parcela pequena da sociedade e de algumas instituições se incomodam com o êxito do bem contra o mal e se esforçam para atrapalhar o combate ao crime. Por isso, faço questão de deixar uma mensagem clara (…) Os integrantes das forças policiais são os únicos e verdadeiros promotores de Direitos Humanos”.