O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Os 12 procuradores da República que assinam a petição pedem o afastamento de Salles do cargo e a condenação dele, como perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público e de receber benefícios e incentivos fiscais ou creditícios. O MPF afirma que o ministro é considerado responsável direto pelo desmonte do sistema de proteção ambiental do país, que causou aumento do desmatamento, das queimadas, dos garimpos ilegais e da grilagem de terras. “Ricardo Salles promoveu a desestruturação de políticas ambientais e o esvaziamento de preceitos legais para favorecer interesses que não têm qualquer relação com a finalidade da pasta que ocupa”, diz a nota. Para embasar a ação, os procuradores citam a fala do ministro na reunião de 22 de abril, em que ele sugere “passar a boiada” para mudar atos e normas enquanto as atenções estavam voltadas para a pandemia do novo coronavírus. “As declarações apenas expõem, de forma clara, o que diversos atos já confirmavam: existe um verdadeiro encadeamento premeditado de atuar contrário à proteção ambiental, caracterizando o dolo, elemento subjetivo dos atos de improbidade. Analisando os fatos concretos, desde o início de sua gestão à frente do MMA, o ministro tem adotado inúmeras iniciativas em flagrante violação ao dever de tutela do meio ambiente, como a desconsideração de normas, critérios científicos e técnicos, em desrespeito aos princípios ambientais da precaução, da prevenção e da vedação do retrocesso”, acrescenta o MPF.