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Morre Luiz Antônio Fleury Filho, ex-governador de São Paulo

Seu mandato e carreira política foram marcados pelo Massacre do Carandiru, em 1992, que resultou em 111 detentos assassinados e apenas PMs condenados

O ex-governador do estado de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho, de 73 anos, faleceu nesta terça-feira (15), na capital, de causas não reveladas. A notícia foi compartilhada pelo presidente nacional de seu partido, o MDB, Baleia Rossi. e por nota oficial da sigla. Em 2020, Fleury passou por um transplante de fígado em decorrência de uma cirrose por esteatose hepática.

Fleury Filho foi governador de São Paulo de 1991 a 1994, pelo PMDB (hoje MDB). Sua carreira foi marcada pelo Massacre do Carandiru, quando a Polícia Militar enfrentou uma revolta no Complexo Prisional da Casa de Custódia do Carandiru (hoje demolido), na zona norte de São Paulo. A ação resultou na morte de 111 detentos. Nenhum PM foi seriamente ferido. O caso teve repercussões internacionais, o que resultou em um inquérito e pressão política. Então governador, Fleury e o secretario da Segurança Pública (SSP) à época, Pedro Franco de Campos, não foram investigados pelas autoridades ou responsabilizados judicialmente pelas mortes.

Em seu depoimento, Fleury justificou a ordem de invasão do complexo: “Existiam pessoas que estavam matando umas as outras. A polícia não pode se omitir”. A dúvida que paira é a razão para a demora, já que a PM que estava de prontidão no local. Pesou sobre o governador a suspeita que ele temeria que o caso prejudicasse o resultado das eleições municipais de 1992 – que terminou com a eleição de Paulo Maluf (então no PPB) para a Prefeitura da capital paulista. O pleito ocorreu sob a tensão política do movimento Fora Collor. Mais tarde, em outro depoimento oficial, Fleury alegou que só soube do massacre pouco antes do fechamento das urnas – quase um dia depois da invasão.

Primeiro Comando

Entre as vítimas fatais, nove foram assassinadas pelos próprios detentos com armas brancas, enquanto 102 foram atingidas por disparos – muitas quando já rendidas indicaram as autópsias e perícias. Em abril de 2013, 23 PMs foram condenados a 156 anos de prisão cada um pela morte de 12 presos. Em 3 de agosto, 25 PMS receberam a soma conjunta de 625 anos de prisão por participação direta na morte de 52 detentos no terceiro pavimento do pavilhão 9 do Carandiru. Em 2001, o comandante da operação, coronel Ubiratan Guimarães, foi condenado a 632 anos de prisão por 102 das 111 mortes. Eleito deputado estadual durante o trâmite do recurso da sentença, ele ganhou foro privilegiado. Ubiratan foi assassinado em 2006, em seu apartamento, em um crime jamais esclarecido.

Fleury saiu do PMDB para o PTB, onde foi foi eleito deputado federal por dois mandatos, em 1998 e 2002, ficando abrigado de ações penais. Ainda no primeiro mandato ele retornou ao PMDB. Ao não conseguir se reeleger em 2006, se manteve afastado dos cargos eletivos e com uma vida política discreta.

Antes de ser governador, Fleury Filho cursou a Academia da Polícia Militar, onde atingiu o posto de tenente. Formado em direito em 1972, no ano seguinte foi aprovado em concurso promotor de Justiça em São Paulo, onde ocupou postos representativos da categoria. De 1987 a 1990, foi secretário da Segurança Pública do governo Orestes Quércia (PMDB).

Analistas consideram que o resultado do Massacre do Carandiru foi o surgimento, no ano seguinte, da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Mas não há evidências conclusivas.

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