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Mais uma batalha do preto contra o verde e amarelo

Durante muito tempo, a camiseta da seleção brasileira se tornou uma espécie de uniforme dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a reclamar disso no passado, afirmando que os bolsonaristas tinham “sequestrado” as cores nacionais para si. Este fenômeno, que Lula sempre criticou, foi combatido nesta semana. Desde domingo, os principais pontos de Brasília vêm recebendo iluminações especiais de verde e amarelo durante à noite. Os petistas da capital federal, por sinal, estão pedindo que os colegas de partido compareçam aos desfiles de Sete de Setembro vestidos com as cores da bandeira nacional. O lado de lá, o dos bolsonaristas, reagiu: anunciou que os seguidores do ex-presidente deverão vestir preto em protesto ao atual mandatário.

Não é a primeira vez que essa batalha cromática ocorreu.

Em 1992, o então presidente Fernando Collor sofria um desgaste político violento. O Plano Collor, que confiscara a poupança dos brasileiros para combater a inflação, não tinha dado certo. Ele também enfrentava seguidas acusações de corrupção e seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, estava no epicentro de um forte esquema de tráfico de influências. Para finalizar, o presidente fazia o estilo autossuficiente e tratava o Congresso nos cascos.

Para se ter uma ideia como era este relacionamento: um deputado nordestino reuniu-se com Collor e lhe estendeu uma lista de sugestões para o governo vinda de seus colegas da região. Como o presidente não se mexeu para pegar a folha estendida, o parlamentar a repousou na mesa e falou durante trinta minutos, ao longo dos quais o interlocutor balbuciou uma palavra ou duas. Collor, então, levantou-se, dando a reunião por encerrada. Quando o congressista estava chegando à porta do gabinete, ouviu do presidente o seguinte: “O senhor esqueceu o seu papel na mesa”.

Collor teria o pedido de impeachment analisado pela Câmara em setembro. Antes disso, fez um pronunciamento no qual pediu para que os brasileiros não o deixassem só e conclamou seus apoiadores que saíssem no dia 16 de agosto, um domingo, vestidos de verde e amarelo, para demonstrar apoio ao Planalto. Uma enxurrada de pessoas, especialmente os jovens, resolveu protestar vestindo preto.

Foi o início do movimento dos Caras-Pintadas, estudantes que começaram a protestar contra o então presidente. No dia 25 de agosto, por exemplo, milhares de jovens saíram às ruas. Somente na avenida Paulista, em São Paulo, houve uma passeata com 400 000 estudantes, entre secundaristas e universitários. Boa parte deles cantou “Sem Lenço, Sem Documento”, de Caetano Veloso, que na época era trilha sonora de uma minissérie da TV Globo, “Anos Rebeldes”. O enredo, escrito por Gilberto Braga e baseado nos livros “1968 – o ano que não terminou” (Zuenir Ventura) e “Os carbonários” (Alfredo Sirkis), mostrava protestos da classe estudantil contra a ditadura militar.

No feriado da Independência daquele ano, houve mais um duelo entre verde e amarelo e o preto, uma briga vencida por lavada pelos oposicionistas. Collor seria afastado do cargo em 29 de dezembro e passaria por um longo ostracismo político até ser eleito senador em 2006.

Neste ano de 2023, dificilmente teremos uma batalha de proporções épicas como a ocorrida em 1992. Mas, de qualquer forma, será interessante ver qual será o poder de fogo dos bolsonaristas e quão insatisfeitas estão as pessoas com apenas oito meses de governo Lula.

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Comentários

Respostas de 2

  1. O terrível de tudo isso é ver a Bandeira Nacional e as cores que simbolizam nossa Pátria jogados de lá para cá, como fantasias desta ou daquela ideologia, como roupas de uma festa a fantasia. A Bandeira brasileira, o verde-amarelo, os símbolos que vibram em mim como Pátria, não os cedo a nenhum manipulador. São meus, são seus, são nossos, de todos os brasileiros. Tentar tirá-los de mim, tirá-los de nós, para os transformar em uniformes a serviço de interesses de terceiros é crime e deveria dar cadeia.

  2. O terrível de tudo isso é ver a Bandeira Nacional e as cores que simbolizam nossa Pátria jogados de lá para cá, como propriedades desta ou daquela ideologia, como roupas de uma festa a fantasia. A Bandeira brasileira, o verde-amarelo, os símbolos que vibram em mim como Pátria, não os cedo a nenhum manipulador. São meus, são seus, são nossos, de todos os brasileiros. Tentar tirá-los de mim, tirá-los de nós, para os transformar em uniformes a serviço de interesses de terceiros é crime e deveria dar cadeia.

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