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Entre socos e cadeiradas, o eleitor é quem apanha

Os debates políticos realizados na campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo tornaram-se espetáculos circenses com direito a cenas de pugilato explícito. As agressões verbais ainda persistem, mas estão agora acompanhadas de manifestações de violência física. A primeira delas foi a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal. Mas anteontem houve uma escalada no quesito agressividade: um assessor de Marçal, Nahuel Medina, agrediu com um soco o marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes, Duda Lima.

Medina diz que se defendeu de uma suposta agressão, que não foi capturada pelos vídeos feitos por quem estava nos bastidores do debate. O que se vê, nessas imagens, é Lima no meio de uma roda de pessoas, dando risada, e sendo agredido por um soco.

O marqueteiro pode ter provocado o assessor? É possível. Mas não se pode admitir em uma campanha eleitoral alguém que prefira resolver as diferenças no braço – e isso vale também para o candidato Datena. Este, aliás, justificou o arremesso de cadeira da pior maneira possível: disse que o ato foi em “legítima defesa da honra”. Como se sabe, foi exatamente esse o argumento da defesa do assassino Doca Street ao justificar os quatro tiros que disparou em Ângela Diniz (três no rosto e um na nuca). Utilizar uma explicação utilizada por homicida para justificar crime hediondo contra uma mulher não é a melhor estratégia para um candidato à prefeitura de São Paulo.

Quem está apanhando, na prática, é o eleitor.

Os debates se transformaram em um espetáculo atroz e de baixíssimo nível. Xingamentos, provocações ignóbeis e baixarias fazem programas popularescos de televisão, como o do apresentador Ratinho, parecerem produções elegantes, refinadas e de apuro intelectual.

Neste aspecto, chama a atenção do destempero do candidato do PRTB. Dias atrás, anunciou que apresentaria ao público a sua melhor versão e que, até aquele momento, estava provocando os demais candidatos para que eles mostrassem as suas verdadeiras faces. Pois bem. O Marçal “paz e amor” não durou muito e, anteontem, já chamou os adversários (em especial Nunes) para a briga.

Caso Marçal chegue ao segundo turno, deve amplificar os ataques ao adversário, utilizando o horário eleitoral (lembremos que o PRTB, no primeiro turno, não dispõe de nenhum tempo no rádio ou na TV), na base do Fifty-fifty. A propaganda oficial, assim, iria acirrar os ânimos e criar clima propício para um bate-boca ainda maior.

A certeza com a qual o ex-coach se joga na estratégia agressiva, mesmo com as pesquisas mostrando um crescimento em sua taxa de rejeição, é curiosa. Se ele for bem-sucedido, vai forçar todos os analistas políticos a uma profunda reflexão. Por isso, a nova rodada de pesquisas, que deve capturar os episódios do debate de segunda-feira, será esperada com ansiedade para alguns candidatos e preocupação para outros. A da Quaest, divulgada ontem, não mostrou grandes mudanças. Vamos ver, agora, o que nos mostra o novo estudo do Datafolha na quinta-feira, que já deve capturar os efeitos da baixaria do início desta semana. Façam suas apostas.

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