Deputado ironizou espancamento sofrido pela jornalista na ditadura. Ela estava grávida
Deputados acionaram o Conselho de Ética da Câmara contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) após ele debochar das torturas sofridas pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo e da GloboNews, durante a ditadura militar (1964-1985). Políticos de diferentes partidos cobraram punição e reagiram à postagem de Eduardo.
No domingo (3), Leitão compartilhou em seu perfil no Twitter seu artigo para o jornal “Única via possível é a democracia”. Ela argumenta que o erro da terceira via é tratar Lula e Bolsonaro como equivalentes. Em resposta, o parlamentar compartilhou uma imagem desta coluna e escreveu: “Ainda com pena da [emoji de cobra]”. Em 1972, aos 21 anos e grávida, Miriam foi presa no Espírito Santo por ser militante do PCdoB. Levada para um quartel, em Vila Velha, em uma das sessões de tortura, ela foi deixada nua em uma sala escura com uma serpente.
Ainda com pena da 🐍 … pic.twitter.com/4DLVBtIPZI
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) April 3, 2022
Miriam Leitão estava grávida quando usaram uma Cobra numa sala escura para torturá-la. Um homem que faz piada com essa situação é desumano, repugnante. Acionamos o Conselho de ética. O deputado @BolsonaroSP, assim como seu pai, precisa responder pelos seus atos.
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) April 4, 2022
🚨 ATENÇÃO! Consultei o @PCdoB_Oficial e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista @miriamleitao. Esse canalha sórdido não ficará impune!
— Orlando Silva (@orlandosilva) April 4, 2022

03 absolvido em 2021
Em abril do ano passado, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara decidiu arquivar um processo movido por Rede, Psol, PT e PCdoB contra Eduardo Bolsonaro. Foram 12 votos pelo arquivamento e cinco pela continuidade.
O processo, referente às representações 10/19 e 11/19, será arquivado, a menos que haja recurso ao Plenário contra a decisão. Os quatro partidos acusavam o parlamentar de quebra de decoro e de atentado contra a democracia por sugerir, durante uma entrevista, a adoção de um novo AI-5, instrumento que, em 1968, endureceu o regime militar, permitindo o fechamento do Congresso Nacional e a revogação de garantias civis, permitindo prisões sem justificativa legal.