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Demora do Exército nas buscas provocou indignação

Comando preferiu esperar ordens de superiores. Caso tem tudo para virar escândalo intrnacional

Enquanto a Marinha do Brasil e a Polícia Federal se preparavam para iniciar uma tentativa de resgate do jornalista britânico Dom Phillips (à direita), do jornal The Guardian, e do indigenista Bruno Araújo Pereira (à esquerda), nesta segunda-feira (6), pouco mais de 24 horas após o desaparecimento de ambos no rio Itaquaí, no vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas, o Comando Militar da Amazônia (CMA), do Exército Brasileiro, optou por esperar ordens do “Escalão Superior”. A nota provocou indignação e mobilização nas redes sociais entre ambientalistas, grupos de defesa dos indígenas e ativistas de direitos humanos. Há temor que eles tenham sido executados.

Imagem de campanha nas redes sociais

Diante da pressão e das críticas até da imprensa britânica, o CMA informou no início da noite que o 8º Batalhão de Infantaria na Selva, sediado em Tabatinga, cidade próxima ao local onde o servidor e o correspondente estrangeiro desapareceram, já procuravam pelos dois tanto em rios da região quanto em ramais de terra que ligam alguns municípios próximos. As bases da Marinha e da PF também ficam em Tabatinga, na tríplice fronteira amazônica de Brasil, Peru e Colômbia. A unidade não respondeu de quem partiu a ordem e a que horas foi dada a largada na operação de buscas. Tampouco quem teria mandado esprar ordens superiores.

Bruno Araújo Pereira é servidor de carreira da Funai e já coordenou uma unidade do órgão no Vale do Javari, onde agora está desaparecido. A região concentra o maior conjunto de comunidades de indígenas isoladas do país e nos últimos anos é invadida como garimpeiros, pescadores ilegais e madeireiros. O servidor público já tinha recebido uma série de ameaças. A última partiu de pescadores ilegais pouco antes de seu desaparecimento. Já Dom Phillips, que escrevia o livro “Como salvar a Amazônia?”, é um apaixonado pelo região e já colaborou de vários jornais, como The New York Times e The Washington Post.

Segundo o CMA, nem a organização indígena Univaja do Vale do Javari, a primeira a denunciar o desaparecimentos de Pereira e Phillips, nem o jornal inglês, informaram oficialmente ao Exército sobre o ocorrido, o que levou à demora no início das ações.

O Ministério das Relações Exteriores informou nesta terça-feira (7) que tomou conhecimento dos desaparecimentos. Em nota, o Itamaraty afirmou que mobilizou a Polícia Federal (PF) para acompanhar o caso. O órgão afirmou ainda que colegas e familiares dos desaparecidos serão atualizados sobre o progresso das buscas.

A Marinha informou que realiza buscas com um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e um jet ski na região.

Confira as notas:

Localização

Phillips viajava pela terra indígena acompanhado por Pereira. Os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) na sexta (3), às 19h25, de acordo com o dispositivo de geolocalização que dispunham. No domingo (5), ambos tomariam o rumo de Atalaia do Norte a partir do nascer do sol. Antes, fizeram uma parada na comunidade São Rafael, em uma visita previamente agendada, para que o indigenista conversasse com o líder comunitário apelidado de Churrasco. O objetivo era consolidar o trabalho de ribeirinhos e indígenas na vigilância do território, afetado pelas invasões. Depois eles para Atalaia, a duas horas de barco descendo o rio. Eles deveriam ter chegado até 9h, o que não ocorreu.

Congresso

Em ofício ao ministro da Justiça, Anderson Torres, o líder da Minoria na Câmara, Alencar Santana (PT-SP), cobrou providências do governo. O petista lembra que a falta de fiscalização dos garimpos ilegais e madeireiros no país gera violência e morte. O parlamentar cobra que a Justiça crie uma força-tarefa para atuar no caso, que pode virar um escândalo internacional.

“O Brasil tem assistido perplexo o avanço da perseguição e da morte de indígenas e de indigenistas nos últimos. Há um aumento de casos, resultado da política de incentivo à prática do garimpo em diversas regiões do país. É importantíssimo que este ministério assuma a responsabilidade na elucidação do caso tratado em tela, além de avançar no combate à violência na seara em comento”, escreveu Santana no ofício.

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