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COP26: o que o Brasil perde com a desconfiança verde

Confiança no código florestal e políticas ambientais sólidas, este deveria ser o principal capital político vendido pelo Brasil nesta 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) que começou no domingo (31) e se estenderá até 12 de novembro, em Glasglow, na Escócia. As nações agora correm contra o aquecimento global, principalmente após o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que acendeu um “alerta vermelho”.

O evento é considerado desde o Acordo de Paris, assinado em 2015, essencial para guiar as mudanças da economia global. O Brasil começa bem, o presidente Jair Bolsonaro não comparecerá, já temendo perguntas e cobranças embaraçosas no que tange a Amazônia, ponto sensível da atual política externa, e que vem minando investimentos e o acordo União Europeia (UE) e Mercosul. Na ausência do mandatário, uma grande delegação foi enviada a fim de vender um país do futuro, mas que só vive de passado mantendo seus ciclos econômicos (cana-de-açúcar, café, ouro, algodão, borracha e agora soja), se mostra sedento por investimento verdes e teme fuga de capital e mercados consumidores de produtos agrícolas. Essa visão simplista de um mundo verde complexo poderá pegar o governo despreparado para negociar.

PIB agrícola em 2020 representou 24,31% do total

As ressalvas sobre o Brasil atingem o coração do agronegócio, setor considerado ponto de inflexão na economia, que se preocupa cada vez mais com a imagem externa do país que se deteriora. O presidente francês, Emanuel Macron, em janeiro deste ano, falou publicamente sobre os problemas ambientais de consumir a soja brasileira, e esta campanha e outras podem afetar a longo prazo a balança comercial brasileira e o PIB agrícola, que em 2020 representou 24,31% do PIB total. Além disso, o Brasil tem um potencial esquecido de geração de receita com créditos de carbono que pode chegar a US$ 100 bilhões até 2030 e só depende de como o artigo 6 do Acordo de Paris será destravado e implementado, aponta um estudo da Câmara de Comércio Internacional (ICC, na sigla em inglês) e da consultoria WayCarbon. O Brasil assinou um acordo um acordo junto aos anfitriões britânicos que prevê US$ 19,2 bilhões em recursos públicos e privados para ações ligadas a preservação e reversão das perdas florestais em uma década, maior apoio aos povos indígenas, finanças e regulamentações livres de desmatamento. Há ainda os outros planos de pressionar, juntos à outras nações subdesenvolvidas, os países ricos a cumprirem sua promessa de US$ 100 bilhões ao ano em financiamento climático entre 2020 e 2025.

Desmatamento cresceu 57% em 2021 ante 2020

O assessor de política sênior da Rainforest Foundation Norway, Carlos Rittl, disse ao jornal britânico The Guardian nesta segunda-feira (1°): “O mundo precisa responsabilizar o Brasil pela verdade. Os satélites não mentem”. As imagens mostram que o desmatamento está em seu nível mais alto desde 2012 e mais de 10 mil quilômetros quadrados foram perdidos nos 12 meses até julho, um aumento de 57% em relação a 2020, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O esforço do Brasil também encontra resistência em Glasglow, onde ativistas fazem campanha contra o país, que diz que o governo usará a estratégia do “greenwashing”, em meio a um ostensivo desmatamento, queimadas e as controversas questões indígenas

(Na imagem em destaque: Bolsonaro em Roma, na Itália, durante o encontro do G20, segurando a bandeira da Argentina)

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