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Bolsonaro terá Congresso como aliado, diz cientista político

A grande novidade das eleições no Congresso foi o encolhimento de partidos tradicional, e o crescimento de novas forças. Enquanto o PT, PSDB e MDB, perderam 6, 20, 19 cadeiras, respectivamente, antigos nanicos, como o PSL se tornaram forças relevantes na Câmara dos Deputados. O partido de Jair Bolsonaro terá 52 cadeiras na Câmara, ante oito na atual legislatura. Essa situação, obviamente, beneficia o candidato da direita, se ele confirmar o favoritismo e for eleito no dia 28 de outubro. Para o cientista político e professor da UNESP Marco Aurélio Nogueira, o novo congresso deve garantir governabilidade para Bolsonaro – diminuindo os riscos de que a falta de capacidade de negociação do capitão reformado do Exército paralisar o futuro governo. A seguir, trechos da entrevista.

A nova composição do Congresso é, mesmo, favorável a Jair Bolsonaro?

Sim. O novo Congresso deve garantir governabilidade a Bolsonaro. Basta ver o PSL, seu partido, que conseguiu eleger 52 deputados. Se sua força continuar crescendo, é possível que a bancada do PSL aumente ainda mais com a adesão de parlamentares de outros partidos e de grupos como como a bancada do ‘agronegócio’, da ‘Bíblia’, da ‘bala’ e de outras do Centrão. Ao que tudo indica, Bolsonaro terá condições muito boas para governar.

Bolsonaro diz que não vai aderir ao “toma lá dá cá” na negociação com o Congresso. Isso não pode minar sua governabilidade, a despeito do apoio inicial que ele deve ter?

Algum tipo de negociação terá que ocorrer. O nível de concessões que Bolsonaro fará depende da sua força política, advinda da sua popularidade. Se ele for eleito com mais de 60% dos votos, terá mais força e legitimidade para negociar com o Congresso.

E se isso não ocorrer?

Não vejo outra alternativa que esteja dentro da democracia. A não ser que Bolsonaro use os militares para colocar medo nos parlamentares e poder dizer: ‘Ou vocês aprovam as pautas, ou eu fecho o Congresso’. Falo isso pois o vice dele, general Mourão, tem feito declarações nesse sentido, quando falou em ‘autogolpe’.

Bolsonaro tem pautas diversas – que vão de privatizações em massa até a redução da maioridade penal. É possível tocar uma agenda tão ampla?

É bom falar que muitas promessas são apenas para ganhar voto e gerar comoção nos eleitores. Algumas dessas promessas são polêmicas, como revogação do Estatuto do Desarmamento e a redução da maioridade penal, e não são tão urgentes como as questões fiscal e econômica que assolam o país. Bolsonaro terá que escolher. Nessa escolha, ele pode chegar à conclusão de que não vale a pena comprar briga por questões secundárias, que podem gerar desgastes político e perda de apoio parlamentar.

Os brasileiros davam sinais de que queriam mudanças na política brasileira. O Congresso recém-eleito espelha esse anseio?

Difícil dizer. Renovação é uma palavra muito vaga e precisa ser qualificada. De fato, há muitas caras novas que vão para Brasília, mas precisamos ver se têm qualidade ou não. Só saberemos depois que começarem a votar projetos de leis, pois muitos durante a campanha dizem uma coisa e, quando chegam lá, fazem outra.

Como o país sai dessa eleição?

Péssimo e muito dividido. Os eleitores foram às urnas muito desorientados, aderiram a teses de ambos os lados (esquerdistas e direitistas) com muita facilidade. Não se preocuparam muito com um futuro e aceitaram propostas recheadas de mitos e ilusões. O novo presidente deverá adotar uma postura agressiva, o que deve aumentar essa polarização.

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