Defesas alegam ao STF que ex-ajudante mentiu PF e ao juízo. Bolsonaro quer anulação da delação, Braga Netto pede acareação sobre dinheiro para operação de kids pretos
As defesas de Jair Bolsonaro e do ex-ministro e seu vice na chapa à Presidência em 2022, general da reserva Braga Netto, investiram nesta segunda-feira (16) contra o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército e peça-chave no caso da tentativa de golpe e dos atos do 8 de janeiro.
A defesa de Bolsonaro pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a anulação do acordo de delação premiada do militar, já que teria ficado comprovado que este mentiu durante o interrogatório da audiência de instrução na segunda anterior (9), descumprindo as cláusulas de sigilo assinadas com a Polícia Federal (PF). Tal atitude pode levar a penalidades, como a anulação dos benefícios, como a possiblidade de responder ao processo em liberdade e, eventualmente, ter a pena atenuada.
Já os representantes de Braga Netto pedem a Moraes uma acareação entre o militar da reserva e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.
A acareação é um procedimento em que depoentes contraditórios são confrontadas para esclarecer divergências e verificar a veracidade das declarações
O pedido da defesa de Bolsonaro foi feito após a revista Veja publicar que Cid faltou com a verdade no depoimento. “O delator mentiu de novo, e tem mentido para acobertar suas sucessivas mentiras e que alcançam também os depoimentos prestados. Os fatos trazidos a público após os interrogatórios são graves, para dizer o mínimo e muito pouco”, afirma o pedido de Bolsonaro.
A defesa de Bolsonaro pegou Cid na mentira. Durante a oitiva da segunda-feira, foi perguntado se ele tinha conhecimento sobre os perfis @gabrielar702 e Gabriela R, no Instagram, que são identificados com mesmo nome da esposa do militar, Gabriela Cid. Gaguejante, o militar respondeu que não sabia se o perfil era de sua esposa e afirmou que não usou redes sociais para se comunicar com investigados e outras pessoas.
Porém, a reportagem mostrava que Cid – ou alguém que se identificava como tal – trocava mensagens sobre o caso. Assim, os advogados de Bolsonaro levantaram a suspeita de que Cid usou o perfil para vazar informações de seus depoimentos da delação.
Já a defesa de Braga Netto sustenta que são necessários esclarecimentos sobre as acusações sobre o plano Punhal Verde e Amarelo, parte da trama golpista para prender e até assassinar autoridades. Cid disse que teria recebido dinheiro do general em uma sacola de vinho para que fosse entregue a militares que faziam parte do esquadrão de elite do Exército, os kids pretos.
“E não é demais explicitar que essa diligência complementar se mostra necessária para a devida apuração dos fatos, pois Mauro Cid não trouxe aos autos provas que corroborassem suas acusações em face do general Braga Netto”, afirmou a defesa.
Os advogados também requereram a suspensão da ação penal do golpe para que a defesa possa fazer a análise de todas as provas que estão no processo.
Defesa
Após a divulgação da reportagem, a defesa de Mauro Cid disse que a reportagem da revista Veja é “mentirosa”. Os advogados também pediram a investigação sobre a titularidade dos perfis.
“Esse perfil não é e nunca foi utilizado por Mauro Cid, pois, ainda que seja coincidente com nome de sua esposa (Gabriela), com ela não guarda qualquer relação”, afirmou a defesa.
(Agência Brasil)
O que MR publicou
- Que explicações Cid foi dar à PF após suposta tentativa de fuga
- Veja revela: mentiras de Cid podem condená-lo – e até ajudar Bolsonaro
- Quais são os próximos passos da ação penal da trama golpista
- Cid confirma que Bolsonaro editou minuta do golpe: “Somente o senhor [Moraes] ficaria preso”
A defesa do general Braga Netto pediu nesta segunda-feira (16) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a realização de uma acareação entre o militar e o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid.
De acordo com os advogados, há divergências nos interrogatórios do general e de Cid que precisam ser esclarecidas.
A defesa sustenta que são necessários esclarecimentos sobre as acusações de que Braga Netto discutiu o plano Punhal Verde e Amarelo, planejamento golpista para matar autoridades, e que o ex-ajudante teria recebido dinheiro do general em uma sacola de vinho.
“E não é demais explicitar que essa diligência complementar se mostra necessária para a devida apuração dos fatos, pois Mauro Cid não trouxe aos autos provas que corroborassem suas acusações em face do general Braga Netto”, afirmou a defesa.
Os advogados também requereram a suspensão da ação penal do golpe para que a defesa possa fazer a análise de todas as provas que estão no processo.