Entre próceres da direita ou mesmo empresários de expressão há vários exemplos de quem era esquerdista na juventude e, com o tempo, tornou-se conservador em termos econômicos e políticos. Esse parece ser o caminho natural da vida: o rebelde de hoje pode ser o tradicional de amanhã.
Com o deputado Alexandre Frota, ocorre justamente o contrário. Ele declarou à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, que estava se reposicionando no espectro político – da direita para a centro-esquerda. “Ao longo da vida, a gente amadurece, reconhece alguns erros cometidos e procura se acertar”, disse ele.
Frota parece ser um dos pouquíssimos casos em que o envelhecimento levou alguém à esquerda. Mas talvez isso tenha a ver com outra característica humana – o oportunismo. É possível brigar com o presidente Jair Bolsonaro e se manter fiel aos princípios ideológicos originais. Casos como o da deputada Joice Hasselmann e o falecido senador Major Olímpio mostram isso.
Mas Frota se desentendeu como o mandatário e foi além. Deve estar de olho nas pesquisas que apontam a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva e um desgaste de Bolsonaro (o deputado diz que votará em Lula em um eventual segundo turno contra o presidente).
Trata-se de um oportunismo arriscado e pouco sagaz. Entre os eleitores que o colocaram no Congresso não há um só esquerdista. E a chance de algum petista ou congênere votar em Frota é mínima. Ou seja, deputado mostrou que o lugar dele pode ser na academia, no estúdio de cinema ou em frente a uma câmera de televisão – mas, definitivamente, ele não pertence à cena política e ao Parlamento brasileiro.