O ex-governador Geraldo Alckmin passou boa parte de sua carreira política combatendo o PT com o qual acaba de se aliar oficialmente, segundo coletiva de imprensa realizada na sexta-feira. O discurso compartilhado entre ele e o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é o de um pacto contra o que representa o presidente Jair Bolsonaro – e de um esforço comum pela democracia.
Viu-se no evento que as palavras estão em sintonia, mas a linguagem corporal não.
Alckmin parecia constrangido, com um sorriso um tanto forçado. Seus gestos continham uma hesitação nunca vista na época em que era tucano. Lula, por outro lado, estava relaxado e espontâneo, como um anfitrião que tenta deixar um convidado à vontade.
O ex-governador não deve ter gostado das declarações recentes de Lula – embora o companheiro de chapa tenha tentado se justificar mais tarde, dando ao público uma nova versão.
Mas, para o candidato a vice, já não tinha o que ser feito. O negócio, para Alckmin, é torcer para que sua aposta tenha sucesso. Caso Lula perca, ele dificilmente poderá voltar à política, pois seus antigos eleitores (especialmente os que estão no interior paulista, conservadores por natureza) ficaram decepcionados com a aliança anunciada na sexta-feira.
