Atualização da NR-01 impõe às organizações o desafio de identificar e mitigar fatores que impactam a saúde mental, exigindo mais empatia e ação preventiva no ambiente corporativo
As empresas brasileiras têm um novo desafio pela frente: a partir de maio de 2026, a atualização da NR-01 exigirá que todas as organizações, independentemente do porte, realizem o mapeamento e a mitigação dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Essa mudança não é apenas uma exigência legal, mas uma oportunidade para construir ambientes mais saudáveis, inclusivos e sustentáveis.
Segundo Laura Salles, fundadora e CEO da PlurieBR, plataforma brasileira focada em diversidade, equidade, inclusão e pertencimento (DEIP), “mais do que uma exigência legal, a norma representa uma mudança de paradigma na forma como entendemos a saúde no trabalho”. Ela alerta que o adiamento das ações pode custar caro às empresas, que precisam “incorporar essa agenda com estratégia, consistência e tempo hábil para transformações reais.”
Riscos psicossociais envolvem questões como exaustão emocional, assédio moral, jornadas abusivas e falta de reconhecimento, que afetam diretamente a saúde mental dos colaboradores e, consequentemente, a produtividade e a reputação das organizações. Laura destaca que “o risco psicossocial não é invisível, aparece nos números de turnover, nos processos trabalhistas, na baixa produtividade, nas ausências frequentes e até no silêncio dos colaboradores.”
A nova norma rompe com a visão tradicional focada apenas na integridade física do trabalhador e traz para o centro da discussão a segurança emocional. “Não basta apenas ter canais de denúncia. É preciso atuar antes que o problema escale, com dados, planejamento e educação corporativa,” reforça Laura.
A escuta ativa dos colaboradores passa a ser fundamental para o diagnóstico do ambiente, incluindo a percepção sobre diversidade, segurança psicológica e senso de pertencimento. A partir dessa base, as empresas devem transformar os dados em ações concretas, como revisões nas políticas internas, treinamentos e apoio psicossocial contínuo.
Para Laura, a maturidade organizacional será medida pela prioridade dada a essas questões no orçamento e nas práticas diárias: “Empresas que investem em ações preventivas hoje estarão mais preparadas para atender às exigências legais amanhã e construirão uma reputação sólida diante de talentos e investidores.”
Mais do que uma pauta de recursos humanos, o tema é parte da sustentabilidade, inovação e governança corporativa. “Seja por exigência legal, seja por convicção estratégica, o tempo de tratar cultura e diversidade como temas secundários acabou. O futuro do trabalho passa por ambientes emocionalmente seguros, psicologicamente saudáveis e estruturalmente diversos. Mapear riscos é só o começo,” conclui.