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O legado de Antonio Cassio no IRB

Antes de mais nada, um disclaimer: Antonio Cassio é meu amigo – amigo, não conhecido – há quase vinte anos. Portanto, este dificilmente será um texto imparcial.

Cassio assumiu a presidência do Conselho de Administração do IRB Brasil RE no pior momento da empresa em oitenta anos. Fundada por Getúlio Vargas, o gigante ressegurador brasileiro vivia sua mais incômoda crise. Era um lamaçal de credibilidade: fraude no balanço, informações inverídicas circulando para manipular as ações em bolsa e bônus supostamente inflados para favorecer executivos.

Sem capital ou credibilidade, o futuro da companhia era incerto. Foi aí que Cassio entrou em cena. Acumulou o cargo de chairman com o de CEO e botou ordem na quizumba. Acertou o balanço e capitalizou a empresa, captando R$ 5,6 bilhões em pouco tempo. Desse montante, cerca de R$ 600 milhões vieram dos principais acionistas, Itaú e Bradesco. O restante foi aportado pelo mercado. Esses investidores acreditaram em um nome octogenário ou em um executivo que teve sucesso em todas as seguradoras por onde passou? A resposta é simples: o grande fiador dessa captação gigantesca foi Antonio Cassio.

Seu estilo de administração lembra outro Cássio famoso – o pugilista Cassius Clay, que mudou mais tarde seu nome para Muhammad Ali. Ele dizia sobre sua atuação no ringue: “Float like a butterfly, sting like a bee” (flutuo como borboleta e pico que nem abelha). Ou seja, um mistura única de leveza de movimentos com pontaria certeira.

Ele, em menos de um ano, reformulou os estatutos, repaginou toda diretoria e o Conselho, além de sanear a empresa que estava tropeçando. Agora, com a missão cumprida, deixa o cargo de CEO e volta ao posto de chairman. Interinamente, Wilson Toneto assume como executivo-chefe, enquanto a empresa busca no mercado um nome para a posição. Cassio tem dito que se sente “aliviado” por ter cumprido sua missão em “um prazo recorde” e vai para uma posição mais estratégica, algo inédito em sua carreira de 35 anos no mercado segurador.

Sem querer desmerecer Toneto ou qualquer outro nome que surja através dos headhunters, inúmeros investidores não concordam com essa transição. Para esses acionistas, Cassio deveria continuar à frente da empresa. No limite, deixando a posição de Chairman para se concentrar na de CEO. Eu, porém, como amigo, desejo a ele o que for melhor para a sua vida.

Eu avisei: esse não seria um artigo imparcial.

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Comentários

Respostas de 3

  1. CASSIO é um monstro de gestor e de pessoa. Mesmo sendo um pequeno investidor em relação aos monstros , me atendeu e ficou comigo 23 minutos no telefone. Parabéns pelo magnífico trabalho feito e que tenha sucesso e felicidades nessa nova etapa . Que recupere todos os anos que disse que perdeu com o estresse desse tempo a frente como gestor.

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