Mudanças contábeis e aumento da inadimplência no agronegócio puxaram o resultado para baixo. Instituição revisará projeções para o ano
O Banco do Brasil (BB) registrou lucro líquido ajustado de R$ 7,3 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado e de 23% em comparação ao quarto trimestre de 2024. Os dados foram divulgados na noite de quinta-feira (15) e marcam o primeiro recuo após 16 trimestres consecutivos de crescimento.
A retração no resultado foi atribuída, principalmente, à entrada em vigor de novas regras contábeis e ao aumento da inadimplência no agronegócio – setor no qual o BB é líder. A Resolução nº 4.966, do Conselho Monetário Nacional (CMN), modificou a forma como os bancos contabilizam provisões para perdas esperadas. Agora, o reconhecimento das receitas de juros em operações com atrasos superiores a 90 dias (estágio 3) ocorre apenas quando os valores são efetivamente pagos, impactando em cerca de R$ 1 bilhão a menos em receitas de crédito.
O índice de inadimplência do banco subiu para 3,86% no primeiro trimestre, contra 3,32% no último trimestre de 2024 e 2,90% no mesmo período do ano anterior. No agronegócio, a taxa de inadimplência chegou a 3,04% em março, reflexo da alta da taxa Selic e das quebras de safra em 2023 e 2024.
Revisão nas projeções para 2025
Diante da queda no lucro, o BB informou que revisará suas projeções para o ano. A estimativa anterior apontava lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, margem financeira bruta entre R$ 111 bilhões e R$ 115 bilhões e custo do crédito entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões. Os novos parâmetros ainda serão divulgados.
Crédito em expansão
Apesar da redução nos lucros, a carteira de crédito ampliada do BB alcançou R$ 1,278 trilhão em março, alta de 1,1% no trimestre e de 14,4% em 12 meses. Os destaques por segmento foram:
- Pessoa Física: R$ 335,8 bilhões, com alta trimestral de 1,2% e anual de 6,6%, impulsionada pelo crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada.
- Pessoa Jurídica: R$ 459,9 bilhões, aumento de 1,6% no trimestre e 22,4% em 12 meses, com destaque para o crédito às micro, pequenas e médias empresas.
- Agronegócio: R$ 406,2 bilhões, crescimento anual de 9%, com R$ 174,5 bilhões desembolsados no Plano Safra 2024/2025.
- Crédito Sustentável: R$ 393,5 bilhões, alta de 1,8% no trimestre e de 9,6% em 12 meses, voltado para atividades com impacto social e ambiental positivo.
Receitas e despesas
As receitas de prestação de serviços recuaram 9% no trimestre, mas acumulam alta de 0,2% em 12 meses. Já as despesas administrativas caíram 0,1% em relação ao último trimestre de 2024, mas cresceram 7% em comparação com março do ano passado.